Pr. Ícaro Alencar de Oliveira
Texto-bíblico: “Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor (Porque andamos por fé, e não por vista). Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.” (2Cor. 5.6-8).
Leitura bíblica em classe: Luc. 16.20-31.
Hinos do Cantor Cristão: 106. O Desejado | 108. Chamada Final | 112. Vencendo vem Jesus.
A. Introdução.
A ESCATOLOGIA é a área da Teologia Sistemática que estuda os eventos relacionados ao fim da história humana e as últimas coisas. A palavra escatologia deriva de dois termos gregos: eschatos, “último” e logos, “palavra. A escatologia lida com eventos gerais dentro do governo de Deus sobre as suas criaturas (a chamada Escatologia Geral), e também de eventos escatológicos que têm relação direta com o homem (chamado de Escatologia Pessoal). Questões como a morte e o estado intermediário, a segunda vinda de Cristo, o arrebatamento, o juízo final e a eternidade são temas abordados pela doutrina.
B. A Escatologia Pessoal.
Um dos primeiros aspectos que a escatologia aborda é o que chamamos de “escatologia pessoal”, ou seja, aborda os eventos finais diretamente relacionados ao homem: Morte; Estado Intermediário; Ressurreição; Estado Eterno.
Morte:
A morte física é chamada de primeira morte (em contraste com a morte eterna que é a segunda morte); todos os seres humanos devem passar pela morte (Heb. 9.27), e segundo as Escrituras, ela entrou no mundo por causa do pecado dos primeiros pais (Gên. 2.15-17; 3.17-19; Rom. 5.12). A morte física consiste no momento em que a alma deixa o corpo (Gên. 35.18; Tg 2.26); a alma consiste na anima, ou seja, é o princípio animador do corpo (Lev. 17.11; Deut. 12.23); nela estão as nossas vontades e sentimentos; ela é cognitiva e emotiva, e pode se relacionar com o sagrado (Rom. 7.5) e com o profano (Rom. 8.7). A alma utiliza os órgãos do sentido para comunicar-se com o mundo exterior e é o centro da vontade (1Re. 8.17; 1Cor. 7.37); o centro do juízo (1Re. 3.9; Mat. 9.4) e o centro da vida moral (Prov. 23.17; Mc 7.21-23; Jo. 13.2; At. 5.3). Por vezes é chamada de “coração”, “rins” ou “entranhas”; enfim, é o âmago da vida do homem e por tal razão devemos ter todo cuidado com nosso coração (Prov. 4.23; Rom. 2.15; Heb. 10.22).[1] Uma vez que a alma é o princípio animador do corpo, quando a parte imaterial deixa o corpo físico, este morre (Tg 2.26).
A morte é o último inimigo a ser vencido (1Cor. 15.26), e ela entrou no mundo pelo pecado através da carne, exerceu domínio sobre nós, e nos matou (Rom. 5.12; 7.11); mas Cristo venceu a morte no próprio domínio dela – a carne – e triunfou sobre a morte (Rom. 8.3; 1Cor. 15.54-55) ressuscitando dentre os mortos e se tornando as primícias dos que dormem (1Cor. 15.20-28,53-54).
Estado Intermediário:
Ao morrerem, os homens entram no “Estado Intermediário” e aguardam a ressurreição; hoje os mortos estão ou no paraíso ou no inferno. As Escrituras são muito claras quando afirmam que quando o homem morre, sejam salvos ou não, estão em estado consciência (2Cor. 5.6-8; Luc. 16.22,23). O homem é formado de uma parte material (o corpo, que volta ao pó – Gên. 3.19) e outra imaterial (a alma e o espírito, que vai ao encontro do Senhor ou para o inferno – Luc. 16.20-23; 2Cor. 5.6-8; Filip. 1.23; Ap. 6.9). Jesus disse que o ladrão na cruz que naquele dia ele estaria no paraíso com Jesus (Luc. 23.43); a promessa apenas pôde ser cumprida porque o estado intermediário é consciente. Da mesma maneira que o salvo, o rico que foi condenado estava consciente, sofrendo no Hades depois de ter morrido (Luc. 16.22-23).
Pelo fato de muitas vezes o estado intermediário ser chamado de “dormir”, alguns tem ensinado a doutrina do “sono da alma”; essa doutrina diz que, quando a pessoa morre, fica inconsciente; estes erram em não compreender que a morte física é chamada de ‘dormir’, uma referência ao corpo físico repousando na sepultura e que no futuro será despertado do ‘sono da morte’, na ressurreição (Sal. 6.5; 115.17-18 [especial atenção ao verso 18]; Ec. 9.5; Mat. 9.24; 27.52; Luc. 8.52; Jo. 11.11-14; At. 7.60; 1Cor. 11.30; 15.6,18,20,51; 1Tes. 4.15; 5.10). Esta doutrina é ensinada principalmente por Adventistas do Sétimo Dia e Testemunhas de Jeová; no entanto, alguns grupos reformados e até mesmo alguns poucos Batistas têm abraçado este erro.
Ressurreição:
A morte física é um momento de terror para os incrédulos, mas para os salvos, é momento de alegria (Jo. 14.19). Em Ap. 20.5 lemos acerca da Primeira Ressurreição que diz respeito ao estado final e apenas fala da ressurreição dos salvos. A Primeira Ressurreição é um só evento que acontece em fases diferentes: A) A ressurreição de Jesus é o modelo da nossa ressurreição; assim como o seu corpo foi glorificado, é modelo do corpo que nós também teremos (Luc. 24.36-43); Jesus é as primícias dos que dormem (Rom. 6.8; 1Cor. 15.20,23; Col. 1.18; Ap. 1.18); B) Santos escolhidos do AT ressuscitaram quando Jesus ressuscitou, e muitos deles apareceram na cidade de Jerusalém (Mat. 27.50-53); C) Salvos que morreram entre o Pentecostes e o Arrebatamento ressuscitarão no momento do rapto da igreja (1Cor. 15.51; 1Tes. 4.13-18); D) As Duas Testemunhas serão levantadas durante a grande tribulação e serão testemunhas e pregarão em Jerusalém e a besta os matará; mas depois de três dias e meio, ressuscitarão (Ap. 11.11); E) Mártires da Tribulação serão mortos por causa do evangelho do reino, e morrerão durante a grande tribulação, mas serão ressuscitados antes do início do milênio (Ap. 20.4-6); F) Os santos do AT serão ressuscitados no final do período da grande tribulação, pouco antes de adentrarem no Milênio (Dan. 12.1,2).
Em Ap. 20.11-15 e Dan. 12.2 lemos acerca da Segunda Ressurreição, que diz respeito ao estado final e à ressurreição dos incrédulos. Ela ocorre numa única fase, depois do milênio, quando todos os incrédulos serão retirados do inferno, serão ressuscitados, comparecerão diante de Jesus Cristo no Grande Trono Branco e receberão a condenação eterna no lago de fogo e enxofre juntamente com o diabo e os demônios (Mat. 25.41,46; Jo. 5.29). Em sentido totalmente contrário às Escrituras, os mesmos que defendem a doutrina do Sono da alma também defendem uma doutrina que não é bíblica, chamada de Aniquilacionismo. Essa doutrina afirma que o tempo de condenação de Satanás, seus anjos e os não-salvos não será eternamente no lago de fogo; ensinam que os homens condenados serão ressuscitados e em seguida Aniquilados, e não sofrerão eternamente; porém as Escrituras são claras ao afirmarem que a condenação é de sofrimento eterno e consciente no lago de fogo (Ap. 20.10-15), pois o fogo não se apaga (Is. 66.24; Mc 9.43-48; Lc. 16.28).
Estado Eterno:
Quando terminar o milênio haverá uma revolta final de Satanás (Ap. 20.7-10), e a terra será destruída e purificada pelo fogo (Mat. 24.35; Heb. 1.10-12; Ap. 20.11); a este evento, as Escrituras chamam de juízo final (2Ped. 3.7-13); então Deus criará novos céus e nova terra (Is.65.17; 66.22-24; Ap. 21.1-3); será um céu diferente da atual habitação de Deus, pois o céu descerá e se expandirá e englobará todo o universo criado (Is. 65.17-19). Ali habitaremos para sempre com o Senhor (Mat. 25.46; Heb. 12.22,23; Ap. 5.13; 7.9); naquele lugar não haverá tristeza (Ap. 21.4), não haverá trevas (Ap. 21.23,25) pois é um lugar melhor que esta terra (Filip. 1.23; 2Cor. 5.8), e a glória daquele lugar tornará as demais lembranças insignificantes (Is. 65.17), e ali permaneceremos para sempre (Ap. 21.3-7), e a morte será vencida (1Cor. 15.26).
QUESTIONÁRIO
1. O que é a Escatologia? Explique.
2. Explique a Morte segundo a Bíblia.
3. O que significa o Estado Intermediário e o que a Bíblia fala sobre o assunto?
4. O que significa Primeira e Segunda Ressurreição, e quais as fases da Primeira Ressurreição?
5. O que significa o Estado Eterno e o que a Bíblia fala sobre o assunto?
Notas:
[1] BRUNELLI, Walter. Teologia para Pentecostais. Rio de Janeiro, RJ: Central Gospel, 2016. vol. iii. p. 52-57.