Dr. Norman Geisler
XXVIII – A ONIBENEVOLÊNCIA DE DEUS.[1]
Texto-bíblico: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16)
Leitura bíblica em classe: 1Coríntios 13.1-13.
Hinos do Cantor Cristão: 18. Amor sem Igual | 37. Amor Glorioso | 46. Jesus me Transformou.
i. A Onibenevolência (Toda-amororisade) de Deus.
Um dos atributos morais mais bem conhecidos de Deus e o amor. Certos teólogos acentuam o amor de Deus não fazendo caso da santidade e justiça; outros diminuem o amor limitando-o a somente algumas pessoas. O primeiro parecer tende ao universalismo, enquanto que o ultimo o usa como base para o particularismo, ou seja, a expiação limitada.
Os teólogos ortodoxos debatem se a bondade e o amor são a mesma coisa ou se são diferentes. E, se forem diferentes, se o amor é um atributo de Deus ou uma atividade de Deus. Outros defendem que a bondade é um atributo de Deus e que o amor e um ato da sua bondade. Mas 1João 4.16 diz que Deus é amor, aplicando o termo à sua essência.
ii. Definição da Onibenevolência de Deus.
A palavra onibenevolente significa, literalmente, “todo-bom”. Biblicamente, o termo hebraico básico para “amor” (chesed) usado acerca de Deus significa “bondade”, “afeto”, “boa vontade”, “ternura” ou “bondade carinhosa”. A palavra grega ágape usada para referir-se ao amor de Deus significa “benevolência”, um amor sacrifical, privado de egoísmo. Teologicamente, a onibenevolência de Deus se refere a sua bondade infinita ou ilimitada.
iii. A base bíblica para a Onibenevolência de Deus.
A base bíblica para a onibenevolência de Deus e extensa: “Tão somente o Senhor se agradou de teus pais para os amar; e a vós, descendência deles, escolheu, depois deles, de todos os povos como neste dia se vê” (Deut. 10.15); “Porque eu, o Senhor, amo o juízo, odeio o que foi roubado oferecido em holocausto; portanto, firmarei em verdade a sua obra; e farei uma aliança eterna com eles” (Is. 61.8); [...] “Há muito que o Senhor me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí” (Jer. 31.3); [...] “Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus” (Luc. 6.35); “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rom. 5.8); [...]“Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.” (2Cor 5.14); “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef. 2.4,5). Paulo orou pelos efésios para que eles conhecessem “o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef. 3.19); “E andai em amor, como também Cristo nos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Ef. 5.2); “Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tt. 3.4,5). “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele” (1Jo. 3.1). “Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos” (1Jo. 3.16). “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.” (1Jo 4.7). “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.” (1João 4.8). “Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: Que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos” (1Jo. 4.9). “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” (1Jo. 4.10). “E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele.” (1Jo. 4.16). E claro que há a maior descrição de amor na Bíblia: 1Corintios 13.
iv. Implicações da Onibenevolência de Deus.
Varias implicações importantes se concluem da onibenevolência de Deus; duas valem a pena destacar. Uma está relacionada com a onipotência de Deus, e a outra com a extensão da salvação.
Implicações a Doutrina da Graça Irresistível.
Todos os calvinistas acreditam em alguma forma da graça irresistível: os ultra-calvinistas acreditam que a graça e irresistível nos não-desejosos, e os calvinistas moderados acreditam que é irresistível nos desejosos [...]. Mas devido à onibenevolência de Deus, conclui-se que a graça não pode ser irresistível nos não-desejosos, pois um Deus de amor completo não pode forçar alguém a agir contra a sua vontade. O amor forcado é intrinsecamente impossível. Um Deus amoroso pode trabalhar persuasivamente, mas não coercivamente.
Implicações ao Universalismo
Outra implicação da onibenevolência de Deus é que torna o universalismo insustentável, pois apesar do fato de um Deus onipotente poder fazer tudo que é possível, um Deus onibenevolente fará o que é moral. E não é moralmente certo forçar os seres morais contra a vontade deles. Deus quer salvar a todos, mas não é moralmente possível salvar as pessoas contra a vontade delas (por graça irresistível nos não-desejosos). Por conseguinte, não há garantia de que todas as pessoas serão salvas. Deus só pode salvar os desejosos; a sua onibenevolência não lhe permitirá fazer tudo que a sua onipotência queria fazer [...].
Por outro lado, se o ultra-calvinismo está correto e Deus pode forçar as pessoas por graça irresistível para serem salvas, então o único modo que se pode evitar o universalismo é negar que Deus é onibenevolente. Se Deus pode salvar todo aquele que Ele quer salvar, independente do livre-arbítrio, e se Deus realmente ama todos e quer salvar a todos, então todos serão salvos (universalismo). Portanto, o único verdadeiro modo de evitar o universalismo é insistir que Deus é Todo-amoroso e, como tal, não pode coagir o livre-arbítrio, porque é contraditório fazer isso, e Deus não pode fazer o que é contraditório.
QUESTIONÁRIO
1. O que significa o atributo da Onibenevolência de Deus? Explique. ..............................................................................................................................................................................................................
2. A bondade de Deus é um atributo ou uma atividade de Deus? (Cf. 1Jo. 4.16)................................................................................... ..............................................................................................................................................................................................................
3. Cite algumas evidências bíblicas para a onibenevolência de Deus. ............................................................................................. ..............................................................................................................................................................................................................
4. Quais as implicações da Onibenevolência de Deus e a Doutrina da Graça Irresistível? Explique. ...................................................... ..............................................................................................................................................................................................................
5. Quais as implicações da Onibenevolência de Deus e o Universalismo? Explique. ............................................................... ..............................................................................................................................................................................................................
Notas
[1] GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2010. vol. i. p. 868-882.