Pr. Ícaro Alencar de Oliveira
Texto bíblico: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.” (Gên. 6.5).
Leitura bíblica em classe: Gên. 12.1-9.
Hinos do Cantor Cristão: 1. Antífona | 7. Maravilhas Divinas | 15. Exultação.
A. Introdução, Natureza e Propósito das Dispensações.
O UNIVERSO é a ‘casa de Deus’ e ele o administra como quer. O que queremos dizer com esta frase? Estamos falando do processo gradual de derrota do mal que leva à redenção da humanidade. Foi do agrado de Deus que o mal não fosse derrotado de modo imediato, mas gradual, de maneira que a administração de seu plano redentor é feita por meio de dispensações.
A palavra ‘dispensação’ vem do grego oikonomia, (οἶκος [oikos], casa e νόμος [nomos], lei, administração), e significa ‘administração de um lar’. Segundo Norman Geisler,
Uma dispensação é uma “ordem divina das coisas” ou um “período de administração.” Ele corresponde a um período específico de tempo no desdobramento do drama da redenção, no qual Deus ordena um encadeamento específico de eventos e mandamentos com um propósito específico. O seu propósito inclui a subjugação do mal.[1]
Quanto aos propósitos das dispesações, afirma:
Em cada era ou período, desde Adão até a volta de Cristo, Deus orquestra uma condição diferente, com um teste diferente, a fim de aferir se os seres humanos guardariam sua obediência aos seus mandamentos. Em cada uma destas eras, eles acabam falhando — sob as mais variadas condições. A soma total dos exames das dispensações demonstra que é sempre errado desobedecer a Deus e que a obediência completa a Ele e o único caminho verdadeiro para a satisfação eterna. [...][2]
Vejamos a seguir as Sete dispensações:
B. 1ª Dispensação: Inocência (Gên. 2.4-3.7)
Descrição. A primeira dispensação é chamada de Inocência. Nesta dispensação, o homem foi criado em estado de perfeição moral e santidade (Gên. 1.26,27; Ec. 7.29). Após criá-lo, Deus estabeleceu a Aliança Edênica, e as condições e bênçãos foram: povoar a terra, exercer domínio sobre a natureza e os animais (Gên. 1.28). O homem deveria exercer autoridade sobre a criação (Gên. 1.26), na medida em que se submetia voluntariamente à vontade de Deus (Gên. 2.17).
Teste. Deus disse que o homem poderia comer de todo fruto de toda árvore do jardim, só não do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, sob pena de que “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gên. 2.17).
Falha. Dando ouvidos à voz da serpente, o homem e a mulher cometeram pecado e ofensa contra Deus, vindo a cair (Gên. 3.1-7).
Juízo. Com a desobediência do homem, Deus promulgou o juízo sobre a humanidade e também sobre a serprente e por extensão, ao mal (Gên. 3.8-19). Agora, o homem deverá lidar com o pecado e viver no ambiente totalmente hostil, fora do jardim do Éden (Gên. 3.23).
C. 2ª Dispensação: Consciência (Gên. 3.8-19-7.24)
Descrição. A segunda dispensação é chamada de Consciência. Nesta dispensação, o homem foi obrigado a encarar seu próprio fracasso; a consciência os alertava sobre o certo e o errado (Rom. 2.12-15), e deveriam e dominar o pecado (Gên. 4.7); na Aliança Adâmica Deus trouxe juízo e bênçãos sobre a serpente e os homens: à serpente, Deus disse que embora tenha ferido o homem, a vitória é temporária, ao prometer redenção à humanidade (Gên. 3.15,16); à mulher, disse que, embora ela tivesse dores de parto, dela nasceria o que esmagaria a cabeça da serpente (Gên. 3.15); ao homem, Deus disse que com grande dificuldade tiraria da natureza o seu sustento (Gên. 3.17-19), e ainda voltaria ao pó, ou seja, morreria (Gên. 3.19; Rom. 3.23; 5.12).
Teste. O homem teria longevidade – Matusalém foi quem vivem mais tempo, chegando a incríveis 969 anos (Gên. 5.27) –, e teria de ouvir sua consciência (Gên. 4.7).
Falha. O homem falhou em ouvir a sua consciência que o acusava (Rom. 2.12-15), e seus corações se tornaram maus (Gên. 6.5-6). Os homens também realizaram casamentos proibidos (Gên. 6.1-4).
Juízo. Como o homem falhou em mais um teste, o juízo que veio sobre os homens foi o dilúvio (Gên. 7.1-10).
D. 3ª Dispensação: Governo Humano (Gên. 8.1-11.31)
Descrição. A terceira dispensação é chamada de Governo Humano. Na dispensação anterior, a maldade do coração do ser humano aumentou demais (Gên. 6.11); para frear a maldade humana, Deus estabeleceu a Aliança Noaica que estabeleceu o governo humano (Gên. 9.6); o governo humano porta a espada da justiça para frear a maldade dos homens (Rom. 13.1-7).
Teste e Falha. Deus ordenou aos homens que se separassem e dividissem em nações e sociedades e governos diferentes (Gên. 9.1-7). Porém, o homem desobedeceu a esta ordem expressa de Deus, e ao invés de espalharem-se sobre a face da terra, os homens resolveram levantar uma grande torre e habitar todos juntos (Gên. 11.1-4).
Juízo. Deus trouxe uma confusão das línguas, de modo que os homens não poderiam se entender; desta forma, a construção da torre de Babel foi interrompida, e houve construção (Gên. 11.4-9).
E. 4ª Dispensação: Patriarcas (Gên. 12.1 – Êx. 19.25)
Descrição. A quarta dispensação é a dos Patriarcas ou da Promessa. Após o julgamento da Torre da confusão, Deus fez uma Aliança unilaterial com o patriarca Abrão (Gên. 12.1-3; Gál. 3.13,14) e lhe fez promessas referentes a uma grande nação que sairia de seus lombos, e por meio da qual, Deus abençoaria todas as famílias da terra; Deus também lhe ordenou ir para outra terra (Gên. 12.1,7). Mais a frente, estudaremos sobre a Aliança Abraâmica.
Teste. Nesta dispensação, o homem seria testado a viver pela fé e a crer nas promessas que Deus lhes faria (Rom. 4.3; Gál. 3.6; Tg 2.23).
Falha. Deus havia ordenado a Abraão que fossem para uma terra que Deus os havia mandado; porém, eles falharam ao descerem ao Egito (Gên. 12.10-17); os descendentes de Abraão também desceram para morar no Egito (Gên. 46.1-7).
Juízo. Deus trouxe juízo ao povo hebreu quando eles tornaram-se escravos no Egito durante 430 anos (Êx. 1.1-14; 12.40).
QUESTIONÁRIO
1. Explique a relação entre dispensação e o plano de redenção.
2. Faça um breve resumo da Dispensação da Inocência.
3. Faça um breve resumo da Dispensação da Consciência.
4. Faça um breve resumo da Dispensação do Governo Humano.
5. Faça um breve resumo da Dispensação dos Patriarcas.
Notas:
[1] GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2010. vol. ii. p. 138-139.
[2] Ibid. p. 139.