Pr. Ícaro Alencar de Oliveira
A ORDENANÇA DO BATISMO
Antes de ser assunto aos céus, Jesus Cristo entregou aos participantes da Sua igreja , duas ordenanças: o Batismo em águas e a Ceia do Senhor; tanto os Batistas da Promessa quanto as principais Igrejas Reformados observam apenas estes dois ritos, no entanto para os reformados, os ritos são sacramentos e para os Batistas, apenas ordenanças.
Não pouca controvérsia tem sido suscitada; as diferenças de compreensão vão desde a quantidade de ordenanças, que os Católicos Romanos e a maioria dos Luteranos, chamam de sete sacramentos (batismo, crisma, eucaristia, penitência, extrema-unção, ordem e matrimônio) de um lado, até teólogos que ensinaram a inexistência de quaisquer ordenanças, como o pai do erro chamado de ultradispensacionalismo, E. W. Bullinger (1837-1913), de outro[1]. Outra grande diferença de perspectivas diz respeito a se tais ritos são ordenança ou sacramento. O ensino das Escrituras quanto ao número é de apenas dois: Batismo e Ceia. Quanto à possibilidade de comunicar graça, sabemos que não são sacramentos, i.e., não comunicam graça, não são meios de graça.
A Ceia, disse o Senhor Jesus Cristo, é para ser celebrada “em memória de mim” (ICor. 11:24). Quanto ao batismo, a ordem é arrepender-se e ser batizado, nunca o inverso (Mat. 28:29-20; Mc. 16:16; At. 2:38). De acordo com o que encontramos na Apostila do Aluno SETEBAN-RO/AC,
O batismo nas águas marca o ingresso na vida cristã, e simboliza o começo da vida espiritual. A ceia do Senhor celebra [a] comunhão e significa a continuação da vida espiritual. O batismo sugere a fé em Cristo; a ceia sugere a comunhão com Cristo. O primeiro é administrado somente uma vez, porque pode haver apenas um começo da vida espiritual; o segundo é administrado frequentemente, ensinando que a vida espiritual deve ser alimentada[2].
Diante de tais verdades tão fundamentais, nós Batistas da Promessa precisamos atender e humildemente, como servos de Jesus Cristo, obedecer a ambas as ordenanças da maneira como Cristo no-las ensinou em Sua Palavra, sem aumentar nem diminuir, mas obedecê-las estritamente segundo as Escrituras.
i. O Sentido da Ordenança do Batismo.
A palavra ‘Batismo’ vem do grego βαπτίζω (gr. baptidzo; ‘imergir; submergir; mergulhar’). O batismo bíblico é apenas o administrado a quem tem consciência capaz de exercer fé, após arrependimento, submergindo em água, em nome da Trindade (Mat. 28:19). João Batista batizava no rio Jordão após os homens terem se arrependido de seus pecados (Mat. 3:13-17; Mc. 1:9-11; Luc. 3:21-22; Jo. 1:32-34); batizou também em “Hinom, junto a Salim, porque havia ali muitas águas” (Jo. 3:23).
ii. O Modelo bíblico de administração do Batismo.
a. Jesus Cristo (Mat. 3:13-17; Mc. 1:9-11; Luc. 3:2-3,7-9,21-22). Jesus Cristo é o modelo para toda a Sua igreja; assim como ele se batizou, devemos também nos batizar. Após ser batizado, a bíblia diz que “Jesus saiu logo da água” (Mat. 3:16), isto significa que ele foi submergido em água; para dar-nos exemplo, Jesus tinha cerca de trinta anos quando foi batizado (Luc. 3:23), portanto, apenas pode se batizar aquele que o faz conscientemente.
b. No Pentecostes (At. 2:37-41). Quando a igreja foi publicamente iniciada no dia de Pentecostes (vs.1-4), após o sermão de Pedro, os quase três mil convertidos que se arrependeram, foram submergidos (v.41), provavelmente em alguns dos vários tanques que a arqueologia descobriu haver em Jerusalém.
c. O eunuco etíope (At. 8:35-39). O eunuco etíope que se converteu também foi submergido; o texto salienta que eles “chegaram a uma certa água” (v. 36), depois “desceram ambos à água [...] e o batizou” (v. 37). Mais uma vez, o modo bíblico de batismo foi obedecido: imersão de quem se arrependeu.
d. Apóstolo Paulo (At. 9:18). Paulo foi submergido após ter sido convertido; esta é a ordem correta: crer e ser batizado. Infelizmente, os que batizam crianças estão invertendo a ordem, batizam e depois que a criança cresce é que pode vir a crer. Qualquer que tenha sido batizado na infância deve ser rebatizado do modo bíblico: crer e ser batizado (Mc. 16:16); existe “um só batismo” (Ef. 4:5) válido segundo as Escrituras.
e. O carcereiro de Filipos e sua família (At. 16:30-34). O carcereiro de Filipos e toda a sua família eram adultos, capazes de exercer fé, e por tal motivo eles foram batizados; isso fica evidente pelo fato de que antes de serem batizados “lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa” (v.32). Crianças são incapazes de entender e exercer fé.
f. Os doze discípulos de João o Batista (At. 19:1-6). Quando o apóstolo Paulo chegou a Éfeso, achou ali alguns discípulos de João, o Batista que eram batizados no batismo de João (v.1-3); após terem recebido o Espírito Santo também foram submergidos em águas em nome de Jesus, e como desceu sobre eles o dom do Espírito, seguido por línguas e profecia, isto foi sinal para a igreja de que tais quais os gentios foram acrescentados à igreja, os discípulos de João Batista também o foram (vs.4-6).
iii. Conclusão.
Certamente o pedobatismo (batismo de crianças) e o batismo por aspersão não é batismo, pois batismo significa imersão; o batismo por aspersão (água aspergida sobre o batizando) ou por efusão (água derramada sobre o batizando) não passa pelo crivo das Escrituras Sagradas (Rom. 6:1-14; At. 2:41; 8:36,38). De acordo com as Escrituras, Jesus não batizou ninguém (Jo. 4:1-2) mas deixou esta incumbência aos discípulos; portanto, como discípulos de Jesus Cristo, temos de cumprir a ordem de Nosso Senhor (Mat. 28:19; Mc. 16:16).
QUESTIONÁRIO
i. O Batismo é um sacramento? Explique.
ii. Qual o sentido da palavra βαπτίζω? Explique.
iii. Qual o modelo bíblico para o batismo? Explique.
iv. A quantidade de água importa para o batismo? Explique.
v. Qual a ordem correta para o batismo?
NOTAS:
[1] GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2011. p. 630-631.
[2] APOSTILA DO ALUNO: Eclesiologia: Doutrina da Igreja. Rio Branco: SETEBAN-RO/AC, 2017. p. 6.