Pr. Ícaro Alencar de Oliveira
III–A ASSEIDADE DE DEUS.
i. Introdução.
SEGUNDO o que já aprendemos, Deus simplesmente existe (é Pura Existência), e Deus é um ser simples, sem partes (Simplicidade), isto é, sem corpo (Jo. 4:24). No que diz respeito à Sua existência, neste estudo aprenderemos acerca do atributo da Asseidade de Deus.
O termo ‘Asseidade’ vem do latim ‘aseite’, e significa “de si mesmo”.[1] Este atributo é também chamado de “Independência de Deus”, pois Asseidade é a virtude que só Deus possui de existir de forma independente de todas as demais coisas porque sua existência é derivada de si mesmo. Assim, Deus é auto-suficiente; Sua existência deriva d‘Ele mesmo. Se-gundo Herman Hoeksema (1885-1965)
A asseidade de Deus, também chamada de sua independência, é aquela virtude de Deus de acordo com a qual ele existe de e por si mesmo, tendo o fundamento e fonte eterna de seu ser em si mesmo, não sendo causado ou dependente de nenhum ser fora de si, e sendo, portanto, o ser absoluto e puro, que é também perfeitamente auto-suficiente, e que não precisa de nenhum ser fora de si.[2]
Diferente da vida que possuímos hoje, e amanhã podemos não ter mais, visto ter sido dada por quem é vida, a vida de Deus é a fonte de sua vida, ao mesmo tempo em que Ele não criou a si mesmo, porque Deus não tem causa. Deus existe de e por si mesmo.
ii. O Ensino das Escrituras acerca da Asseidade.
As Escrituras nos ensinam que Deus existe antes e independente da criação, ao passo que é sustentador de tudo quanto existe. Sua existência é derivada de si mesmo: “Porque covinha que aquele para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe [...]” (Heb. 2:10). O salmista Moisés nos lembra desta verdade: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sal. 90:2).
O nosso Senhor Jesus Cristo em seu ministério terreno assim ensinou acerca da Asseidade de Deus: “Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo” (Jo. 5:26); Deus não recebeu vida, pois ele é vida, e sendo vida, pode concedê-la a outros: “O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida” (Jó 33:4). Desde a origem de todas as coisas, lemos sobre o Filho: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo” (Heb. 1:1,2).
No fim do mundo, quando adentrarmos aos portais celestiais, e nos reunirmos com todos os demais salvos, depois do milênio, no tempo da restauração de tudo, cuja desgraça e resplendor posterior são mencionados por Pedro em IIPed. 3:10-13, todos nós diremos as mesmas palavras do apóstolo Paulo: “Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; à universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel” (Heb. 12:22:24).
Confessaremos que a cidade pertence ao “Deus vivo” (v. 22), uma confissão de que Deus é vida plena, vida eterna, e vida que Ele tem de, e em si mesmo. Eis portanto, um alerta de Paulo na mesma epístola aos Hebreus: “vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo” (Heb. 3:12).
iii. Conclusão.
O próprio rei Dario, depois do livramento da cova dos leões, testificou da Asseidade de Deus: “Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: A paz vos seja multiplicada. Da minha parte é feito um decreto, pelo qual, em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre, e o seu reino não se pode destruir, e o seu domínio durará até o fim. Ele salva, livra, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele salvou e livrou Daniel do poder dos leões. Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa” (Dan. 6:25-28).
As Escrituras nos ensinam que é impossível a Deus não existir (Sal. 14:1); portanto, Ele existe em si e de si mesmo (Jo. 5:26). Deus não foi criado por ninguém (Is. 57:15), mas tudo foi feito por Ele e para Ele (Rom. 11:36); sem Ele, nada que existe seria capaz de existir (Jo. 1:3); Deus é um ser necessário, pois Ele é a causa de tudo o que existe, e se mantêm em existência é porque Deus sustenta (Col. 1:17). Uma vez que Deus é imutável: “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg. 1:17); nosso Deus nos garante: “Porque eu o Senhor não mudo” (Ml. 3:6).
QUESTIONÁRIO
i. O que significa o atributo da Asseidade de Deus? Explique.
ii. À partir de Hoeksema, por que podemos afirmar que Deus é auto-suficiente? Explique.
iii. Se Deus é vida e ela deriva dele mesmo, então Deus criou a si mesmo? Explique à partir do que você aprendeu nesta lição.
iv. Mencione alguns versículos das Escrituras que demonstram o atributo da Asseidade de Deus.
v. Deus existe por Ele mesmo. Visto que isto é verdadeiro, cite algumas implicações desta verdade.
NOTAS:
[1] GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. p. 595. Vol. I.
[2] HOESKEMA, Reformed Dogmatics – Volume 1, Herman Hoeksema, Reformed Free Publishing Association,pg. 101. Trad. Felipe Sabino.
para editar.