Pr. Ícaro Alencar de Oliveira
Texto-bíblico: “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.” (1Cor. 10.32).
Leitura bíblica em classe: Ef. 3.1-13.
Hinos do Cantor Cristão: 106. O Desejado |
382. Vamos à Igreja | 509. Verei meu Redentor.
A. O que é o Dispensacionalismo?
NA LIÇÃO anterior, aprendemos como a interpretação da profecia é algo fundamental para o estudo escatológico. Igualmente importante para este estudo são os fundamentos que assumimos em nossa abordagem às Escrituras.
Sabemos que Deus é imutável (Mal. 3.6; Tg 1.17); as Escrituras nos mostra que Deus tem se relacionado com os homens por meio de economias ou dispensações específicas, à luz da revelação que Deus tem concedido aos homens. Ao mesmo tempo em que mudam as dispensações na medida em que o plano de Deus avança, fica mais claro que em todas as dispensações a salvação sempre foi pela graça mediante a fé, apesar desta verdade ter sido revelada completamente apenas na Era da igreja por ser marcada pela redenção em Cristo (Jo. 3.3; Ef. 2.8-10). O universo é a casa de Deus e ele o administra por meio de Economias ou dispensações nas quais o homem passa por um teste condicional quanto à fidelidade à revelação específica da vontade Divina, de modo que uma dispensação não é necessariamente um período de tempo mas sim, uma administração do governo e do propósito eterno de Deus. Vejamos a seguir outros fundamentos do dispensacionalismo.
B. Interpretação Literal das Profecias.
Em nossa Confissão de Fé Batista da Promessa, lemos: “Creio que a Bíblia é Inspirada e que tal inspiração é Plenária e Verbal, é Perfeita, é Verdadeira, é Confiável, é Inerrante, é Infalível e foi Preservada por Deus” (CFBP, 7,4); cremos que ela é inerrante, e que, por ser inspirada pelo próprio Deus, a Bíblia nos fornece a estrutura necessária para interpretarmos as profecias de modo literal: “Como a Bíblia é literalmente a Palavra de Deus e seu plano para a história, devemos interpretá-la de forma literal”.[1] A interpretação literal, ou simples das Escrituras proféticas é o primeiro fundamento do Dispensacionalismo. Quando o profeta Daniel interpretou Jer. 29.10, como lemos em Dan. 9.2, a interpretação foi literal; na última lição aprendemos sobre a interpretação literal da profecia.
C. Distinção consistente entre Israel e a Igreja.
Outro fundamento do Dispensacionalismo é a distinção entre Israel e a Igreja, diante de Deus, na atual dispensação existem três povos com futuros escatológicos distintos: judeus [grande-tribulação para restauração e adentrada ao reino milenial], gregos [queda da grande Babilônia], e igreja de Deus [arrebatamento antes da grande-tribulação] (1Cor. 10.32).
O Aliançalismo afirma que a Igreja substituiu Israel, sendo a Igreja receptora das bênçãos das promessas do AT que se cumprem espiritualmente. Entretanto, Paulo afirma que a Igreja é um mistério oculto desde sempre (Ef. 3.3-7; Col. 1.26,27); e há uma futura restauração de Israel profetizada (Rom. 11.25-32); Israel recebeu duras palavras de Deus (Rom. 10.16-21), porém, não foi rejeitado para sempre (Rom. 11.1-5,11-16). Desta maneira, o segundo fundamento do Dispensacionalismo é uma distinção profunda entre Israel e Igreja com futuros escatológicos distintos.
D. Administração do Governo de Deus através de Dispensações.
A palavra Dispensação vem do grego oikonomia; é desta palavra que deriva o termo ‘economia’, e significa ‘administração de uma casa’; o universo é a casa de Deus, e a casa é administrada por Ele através de Dispensações ou Economias. Norman Geisler afirmou que
“[...] Deus escolheu não aniquilar todo o mal imediatamente, pois se ele assim o fizesse, ele também teria que destruir todo o bem tornado possível pela liberdade. Em vez disso, na sua infinita sabedoria, Deus decidiu derrotar o mal de maneira gradual, sem destruir a nossa liberdade de decisão (livre-arbítrio). Deus está fazendo isto em estágios ao longo das eras”.[2]
Considerando que Deus revela seu plano redentor em eras nas quais há diferentes administrações, de modo que Ele ordena uma cadeia de eventos com propósitos específicos, principalmente a vitória sobre o mal no mundo. As Escrituras falam de administrações, economias ou administrações com que Deus revela seu plano redentor (Ef. 1.10; 3.2). Em sua primeira vinda, nascendo da semente da mulher (Gên. 3.15), Cristo oficialmente esmagou a cabeça da serpente (Col 2.14) e verdadeiramente o fará na segunda vinda (Rom. 16.20; Ap. 20.10). Este é o terceiro fundamento do Dispensacionalismo
E. CONCLUSÃO.
Durante nossos estudos em Escatologia, outros fundamentos do Dispensacionalismo aparecerão; entretanto, estes três que estudamos hoje são o tripé da teologia dispensacional. É importantíssimo que compreendamos, por outro lado, que a salvação em todas as dispensações, depois da queda do homem, sempre foi pela graça, mediante a fé. Isto fica claro à luz da revelação bíblia. Em Rom. 3.20 lemos: “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”; sacrifícios de animais não expiam o pecado: “Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados” (Heb. 10.4).
Abraão é o maior exemplo de que a Salvação sempre foi pela fé em Jesus Cristo; antes da lei, as Escrituras dizem: “Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça” (Rom. 4.3); debaixo da lei, as Escrituras dizem sobre a salvação: “Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado” (Rom. 4.6); após a lei, as Escrituras afirmam sobre a salvação: “Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça” (Rom. 4.5); isso significa que a salvação sempre foi de uma maneira: “Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” (Jo. 3.7).
Abraão foi salvo pela fé (Rom. 4.1-8); Moisés foi salvo pela fé (Heb. 11-24-26); todos os homens salvos reconheceram seu estado de miséria e total necessidade de salvação (Ec. 7.20; Sal. 51.3-6; 130.3-4). Jamais deveríamos ter em nosso coração a coragem de indagar a Deus quando a esta tão grande salvação, apenas nos deleitar nela (Rom. 10.5-13). Cristo não permitiu que aqueles que julgavam a si mesmos dignos de salvação por causa das obras, como de fato salvos (Mat. 19.16-22); a salvação, do começo ao fim, é obra de Deus somente (Ef. 2.8-10).
QUESTIONÁRIO
1. O que é o dispensacionalismo? Explique.
2. Explique o fundamento da interpretação literal das profecias.
3. Explique o fundamento da distinção entre Israel e a Igreja.
4. Explique o fundamento da Administração do governo de Deus através de Dispensações.
5. Como a salvação acontecia nas Dispensações? Explique.
Notas:
[1] Elmer Towns e Thomas Ice, artigo ‘Dispensacionalismo’ em Enciclopédia popular de Profecia Bíblica.
[2] GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. vol. ii. p. 138.