O ESPÍRITO SANTO E A TRIBULAÇÃO
Por Thomas Ice
“E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado” (IITs 2:6,7)
Um dos argumentos mais convincentes, embora muitas vezes incompreendidos, para o pré-tribulacionismo relaciona-se ao papel do Espírito Santo com a igreja e o período da tribulação. A maior parte da posição pré-tribulacional acredita que IITs 2:6-7 refere-se ao ministério restritivo do Espírito Santo através da agência da Igreja. Assim, quando a igreja é arrebatada antes da tribulação, esse ministério do Espírito Santo também será removido. Se esta interpretação é correta, então é um argumento forte para o pré-tribulacionismo.
O RETENTOR
Segunda aos Tessalonicenses 2:1-12 discute um homem de iniquidade retido até um tempo mais tarde. Interpretar o retentor do mal (2:6) como o ministério residente do Espírito Santo na obra através do corpo de Cristo durante a atual Era da Igreja, apoia o pré-tribulacionismo. Uma vez que o “iníquo” (a besta ou o Anticristo) não pode ser revelado até que o Retentor (o Espírito Santo) seja tirado (2:7-8), a tribulação (chamado de dia do Senhor nesta passagem), não pode ocorrer até que a igreja seja removida. De todas as posições de arrebatamento, apenas a posição pré-tribulacional pode ser harmonizada quando entendemos que o retentor está se referindo ao Espírito Santo.
Eu acredito que a interpretação correta desta passagem entende o retentor como se referindo ao Espírito Santo enquanto Ele opera durante esta presente era da igreja através do batismo com o Espírito Santo e sua habitação nos crentes. Estes são ministérios únicos para a Era da Igreja. Tanto o batismo do Espírito Santo como o ministério residente do Espírito Santo começaram no Dia de Pentecostes como Atos 2 descreve. Portanto, esses ministérios do Espírito Santo não foram ativos dessa maneira antes do nascimento da Igreja.
A referência enigmática à presente obra do Espírito Santo em 2Ts. 2:6-7 explica a gramática incomum empregada na passagem. No versículo seis, "o detentor" está no gênero neutro (to katéchon), enquanto no versículo sete "o retentor" é masculino (o katechôn). O significado de tal gramática e como esta se relaciona com o Espírito Santo e o êxtase é explicado pelo Dr. Robert Thomas abaixo.
A chave para o cenário acima é se o Espírito Santo é o Retentor. Depois de examinar várias interpretações da passagem, ele conclui:
Para alguém familiarizado com o Discurso do Senhor Jesus no cenáculo, como Paulo, sem dúvida, a flutuação entre o neutro e o masculino relembra como o Espírito Santo é falado. Qualquer gênero é apropriado, dependendo se o orador (ou escritor) pensa em um acordo natural (masc. por causa da personalidade do Espírito) ou gramatical (neutro por causa do substantivo pneuma; veja Jo. 14:26; 15:26; 16:13 , 14) [...] Esta identificação do retentor com raízes profundas na história da igreja [...] é mais atraente. A presença especial do Espírito como habitante dos santos terminará abruptamente na parousia, tal qual começou abruptamente no Pentecostes. Uma vez que o corpo de Cristo foi apanhado para o céu, o ministério do Espírito será revertido ao que Ele fazia aos crentes durante o período do AT. [...] Sua função de restringir o mal através do corpo de Cristo (Jo. 16:7-11; 1Jo 4:4) cessará de forma semelhante à forma como ele terminou sua luta nos dias de Noé (Gn. 6:3 ). Nesse ponto, as rédeas serão removidas da iniquidade e a rebelião inspirada Satanicamente começará. Parece que o katechon (“o que o retém”) era bem conhecido em Tessalônica como um título para o Espírito Santo de quem os leitores passaram a depender em suas tentativas pessoais de combater a ilegalidade (1Ts. 1:6; 4:8; 5:19; 2Ts. 2:13)[1].
O Dr. Gerald Stanton cita seis razões pelas quais essa passagem deve ser entendida como referência ao ministério restritivo do Espírito Santo através da igreja.
(1) Por mera eliminação, o Espírito Santo deve ser o retentor. Todas as outras possibilidades não atendem aos requisitos de alguém que controle as forças do mal até a manifestação do anticristo. [...]
(2) O Iníquo é uma personalidade e suas operações incluem o domínio do espiritual. O retentor também deve ser uma personalidade e uma ordem espiritual, para resistir às ciladas do Diabo e controlar o anticristo até o momento da sua revelação. [...]
(3) Para alcançar tudo o que deve ser realizado, o retentor deve ser um membro da divindade. Ele deve ser mais forte que o Homem do Pecado, e mais forte do que Satanás. [...] através da igreja.
(4) Esta era presente é, em um sentido particular, a "dispensação do Espírito", pois Ele trabalha de maneira incomum a outras eras como uma Presença permanente dentro dos filhos de Deus. [...]
(5) A obra do Espírito desde o Seu advento incluiu a restrição do mal. O Espírito é o agente justo de Deus para a era, e há muitas razões para agradecer a Sua mão restritiva sobre a iniquidade deste mundo. Ninguém além do justo poderia conter a iniquidade deste mundo. [...]
(6) Não é difícil estabelecer que, embora o Espírito não tenha residido na Terra durante os dias do Antigo Testamento, qualquer tipo de restrição foi exercida pelo Espírito. [...] (Is. 59:19) [...] a perversidade dos dias de Noé e o fato de que a vida aconteceu como de costume em cegueira para impedir a destruição é usada pelo Espírito em um retrato vívido de homens descuidados e perversos sobre os quais cairá o julgamento da Tribulação. [...]
À luz desse paralelo bíblico, é extremamente significativo que, nos dias que precedem imediatamente a destruição do dilúvio, a obra restritiva do Espírito seja enfatizada. [...][2]
A ERA DA IGREJA
A Igreja começou no Dia de Pentecostes com uma visita do Espírito Santo, conforme registrado em Atos 2. A Igreja termina no arrebatamento com o traslado dos santos vivos e a ressurreição daqueles que morreram em Cristo (1Ts. 4:13-18). Até o arrebatamento, Deus está reunindo dos gentios um povo para o Seu nome (Atos 15:14) e combinando-os com os eleitos remanescentes de Israel (Rm. 11:5, Ef. 2:11-22) em um novo corpo chamado a Igreja (Ef. 2:11-3:13; Col. 1:24-27). Esta grande tarefa é realizada por um único ministério do Espírito Santo somente durante a Era da Igreja, chamado o batismo do Espírito Santo. Paulo ensinou em 1Co. 12:13: A Igreja começou no Dia de Pentecostes com uma visita do Espírito Santo, conforme registrado em Atos 2. A Igreja termina no arrebatamento com o traslado dos santos vivos e a ressurreição daqueles que morreram em Cristo (1Ts. 4:13-18). Até o arrebatamento, Deus está reunindo dos gentios um povo para o Seu nome (Atos 15:14) e combinando-os com os eleitos remanescentes de Israel (Rm. 11:5, Ef. 2:11-22) em um novo corpo chamado a Igreja (Ef. 2:11-3:13; Col. 1:24-27). Esta grande tarefa é realizada por um único ministério do Espírito Santo somente durante a Era da Igreja, chamado o batismo do Espírito Santo. Paulo ensinou em 1Co. 12:13: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito”. Tal obra do Espírito Santo é apenas para a Igreja – o Corpo de Cristo. Portanto, não é surpreendente que, uma vez que a tribulação não pode começar até depois que a Igreja esteja completada e levada para o céu no arrebatamento, o homem de iniquidade é impedido pela presença do Espírito Santo na terra habitando nos crentes da Era da Igreja. Esta obra atual do Espírito Santo é exclusiva da igreja. O Dr. John Walvoord explica:
Buscamos as Escrituras proféticas em vão para qualquer referência ao batismo do Espírito, exceto em relação à igreja, ao corpo de Cristo (1Co. 12:13). Enquanto, então, o Espírito continua um ministério no mundo na tribulação, não há mais um corpo corporativo de crentes num organismo vivo. Há um retorno às distinções nacionais e ao cumprimento das promessas nacionais em preparação para o milênio[3].
CONCLUSÃO
Aqueles que não abraçam o pré-tribulacionismo muitas vezes caracterizam mal nossa visão do Espírito Santo na tribulação. Eles costumam dizer que os pré-tribulacionistas não acreditam que o Espírito Santo estará presente durante a tribulação. Isso não é o que estamos a dizer! Nós acreditamos que o Espírito Santo estará presente e ativo durante a tribulação. Nós acreditamos que o Espírito Santo não estará realizando Seu único ministério único relacionado à Igreja, uma vez que o corpo completo de Cristo estará no céu. Além disso, estamos dizendo que o Espírito Santo estará presente em Seu ministério transdispensacional de levar os eleitos da tribulação à fé em Cristo, mesmo que não façam parte do corpo de Cristo - a Igreja. O Espírito Santo também ajudará os crentes da tribulação enquanto viverem vidas sagradas ao Senhor. O Espírito Santo também funcionará para selar e proteger os 144 mil testemunhas judaicas por seu grande ministério evangelístico, conforme observado em Apocalipse 7 e 14 e as duas testemunhas de Apocalipse 11.
O Arrebatamento poderia muito bem ser a maior ferramenta evangelística da história humana. Quando milhões de pessoas desaparecem da face da terra em uma fração de segundos, todos os tipos de teorias e explicações irão surgir. Mas muitos vão lembrar os avisos de amigos e entes queridos sobre a verdade do arrebatamento. Em um momento, eles vão perceber o que aconteceu. Eles foram deixados para trás. Deus usará essa compreensão adormecida para levá-los à fé em Seu Filho. O Espírito Santo será ativo, como Ele sempre tem sido ao longo da história, a fim de levar os eleitos à salvação em Cristo.
Embora os pré-tribulacionistas acreditem que muitos aspectos únicos da obra atual do Espírito Santo cessarão no arrebatamento, não é correto dizer que acreditamos que o Espírito Santo não estará presente durante a tribulação. Assim como o Espírito Santo se envolverá em alguns ministérios durante a tribulação, em relação às 144.000 testemunhas e às duas testemunhas, que não estão ocorrendo durante a atual era da igreja, então cessará certos ministérios únicos para a igreja, o que permitirá ao homem do Pecado entrar no palco da história. Maranata!
Tradução: Ícaro Alencar de Oliveira. Rio Branco- Acre. 18/06/2017.
[1] Robert L. Thomas, “2 Thessalonians” [2 Tessalonicenses], em The Expositor’s Bible Commentary[Comentário Bíblico do Expositor], Vol. 11, ed. Frank E. Gaebelein (Grand Rapids: Zondervan, 1978), pp. 324-25.
[2] Gerald B. Stanton, Kept From The Hour [Livrado da Hora], 4a. ed., (Miami Springs, FL: Schoettle Publishing Company, 1991), pp. 99-102.
[3] John F. Walvoord, The Holy Spirit [O Espírito Santo] (Grand Rapids: Zondervan Publishing Co., 1958), p. 231.