“O Israel de Deus”, de Gálatas 6:16
Em um trabalho recente, o Dr. S. Lewis Johnson, [ardente presbiteriano e calvinista de 5 pontos, que pastoreou a Independent Presbyterian Church], ex-professor de Grego e de Exegese do Novo Testamento no Seminário Teológico de Dallas [de origem fortemente presbiteriana], fez um estudo detalhado de Gálatas 6:16. Em sua introdução, Johnson faz a seguinte observação:
“Apesar da esmagadora evidência em contrário, há ainda um [, errado, mas] persistente apoio à afirmação de que o termo Israel pode se referir adequadamente aos crentes gentios na época atual… O apoio primário [a tal afirmação] é [alegado ser] encontrado em Gálatas 6:16.
Eu não posso escapar de pensar que considerações dogmáticas avultam na interpretação de Gálatas 6:16. [dogmáticas no sentido de super-emocional, teimosa, ferrenha, belicosa e intolerante aderência às próprias opiniões PRÉ-formadas (isto é, formadas A-PRIORI, SEM PROVAS), baseadas somente em tradição e emoção e cego seguir a um grupo, terminantemente recusando-se a sequer examinar evidências e argumentos em contrário]. A tenacidade com que a expressão “o Israel de Deus” é aplicada à Igreja, apesar de um grande número de evidências em contrário, leva a pensar que os partidários do parecer acreditam que seu sistema escatológico, geralmente um esquema Amilenarista, depende [única e perigosamente] de se fazer a expressão [“o Israel de Deus”, de Gl 6:16] se referir a [todo] o povo de Deus, composto tanto de crentes judeus como de crentes gentios. O Amilenarismo não está [única e perigosamente] pendurado nessa interpretação [de modo despencar no abismo se lhe for tirado tal corda], mas este modo de ver [Gl 6:16] parece ter um lugar [sumamente] precioso na exegese Amilenarista.
Ao falar sobre os que veem o termo [Israel] com se referindo ao Israel étnico (um sentido que o termo Israel [até Amilenaristas o admitem] tem em todo e cada outro [verso] de seus mais de 65 usos no Novo Testamento, inclusive nos seus 15 usos por Paulo), em um tom quase emocional William Hendriksen, o renomado comentarista Reformado, escreve: “Eu me r-e-c-u-s-o a aceitar essa explicação.”. . . [grifo por Hélio].
Aquilo a que eu estou querendo chegar é expresso perfeitamente por DWB Robinson, em um artigo escrito cerca de vinte anos atrás [isto é, em 1965]: “A loquaz citação de Gálatas 6:16 para apoiar o parecer de que “a Igreja é o novo Israel” deve ser vigorosamente contestada. Há um grande- e- respeitável apoio a uma interpretação limitada [estrita, literal, restringindo-se à nação, à etnia dos israelitas, quando vierem a se converter, como nação].” Podemos dizer mais do que isso, na minha opinião. Há mais do que um grande- e- respeitável apoio a uma interpretação mais limitada. Há um apoio esmagador para tal. Na verdade, o parecer menos provável entre várias alternativas é o parecer de que “o Israel de Deus” é a Igreja. [Toussaint and Dyer, Pentecost Essays, “Paul and ‘The Israel of God’: An Exegetical and Eschatological Case-Study” by S.Lewis Johnson, pp. 181-182. Quoted in William Hendriksen, Exposition of Galatians, New Testament Commentary (Grand Rapids: Baker, 1868), p. 247, and D. W. B. Robinson, “The Distinction Between Jewish and Gentile Believers in Galatians,” Australian Biblical Review 13 (1965): 29-48.]”
Johnson apresenta [analisa] três pontos de vista que dizem respeito a este versículo. Somente o primeiro sustenta que “o Israel de Deus” é a Igreja como um todo, enquanto os outros dois o limitam a crentes judeus.
[I. Quanto ao primeiro ponto de vista (que Israel foi substituída pela Igreja, agora e para sempre)]
O primeiro ponto de vista é descrito como se segue:
Este primeiro [ponto de vista] é a afirmação de que “o Israel de Deus” é simplesmente um termo descritivo da Igreja cristã da presente época. . . . O Israel de Deus é o corpo que andará pela regra- de- medir da nova criação, e inclui [agora e para sempre, sem nenhuma distinção] pessoas crentes dos dois corpos étnicos: de judeus e de gentios [ibid., p. 183].
A base [alegada] para este primeiro ponto de vista é:
A lista de nomes que suportam este ponto de vista é impressionante, embora as bases da interpretação sejam poucas e fracas, ou seja, a alegação de que o kai. . . antes do termo “o Israel de Deus” é um kai explicativo ou aposto; . . . e a alegação de que, se alguém vê o termo “o Israel de Deus” como os crentes de Israel étnico, estes estariam incluídos na cláusula anterior, “E àqueles que andarão por esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles” [Ibid. , p. 184].
Johnson rejeita este ponto de vista, e o faz baseando-se em três fundamentos.
I.I) O primeiro [fundamento] é por razões gramaticais e sintáticas, para as quais há duas [Ibid., pp. 187-188].
[A primeira razão gramatical-sintática para rejeitar o ponto de vista 1 é que] este ponto de vista tem que apelar e recorrer a um significado secundário ou menor de kai:
É necessário iniciar esta parte da discussão com um lembrete básico, mas muitas vezes negligenciado, dos princípios hermenêuticos. É o seguinte: na ausência de compelentes [incontornáveis, incontestadas] considerações exegéticas e teológicas, devemos evitar os usos gramaticais raros, quando os comuns fazem bom senso [Ibidem, p.. 187].
[É] somente porque este último tipo de uso [secundário, raro, menor, para o termo kai] serve bem ao ponto de vista de que o termo “o Israel de Deus” é a Igreja, [é somente por isso] que a defesa do dogma [dogma no sentido de super-emocional, teimosa, ferrenha, belicosa e intolerante aderência às próprias opiniões PRÉ-formadas (isto é, formadas A-PRIORI, SEM PROVAS), baseadas somente em tradição e emoção e cego seguir a um grupo, terminantemente recusando-se a sequer examinar evidências e argumentos em contrário] superou o significado de “kai” exigido pela gramática. Um uso extremamente raro [de “kai”] tem sido feito [pelos Teólogos do Pacto] para substituir o uso comum, a despeito do fato de que a tradução comum e frequente de kai para a conjunção “e” faz perfeitamente bom sentido em Gálatas 6:16 [Ibid., P. 188].
[A segunda razão gramatical-sintática para rejeitar o ponto de vista 1 é que:] Em segundo lugar, Johnson mostra que se a intenção de Paulo tivesse sido a de identificar o “eles” [ verso 16] como sendo “o Israel de Deus”, então a melhor maneira de mostrar isso teria sido eliminar o kai completamente [e o segundo epi, ficando assim “paz e misericórdia sobre eles, o Israel de Deus”, que significaria que “O Israel de Deus” era um mero aposto, uma mera explicação sobre o “eles”, isto é, “paz e misericórdia sobre eles, isto é, o Israel de Deus”]. Como mostrado anteriormente, isto foi exatamente o que Hendriksen [o supra-citado comentarista Reformado] queria fazer deixando kai sem tradução. A própria [a simples, mera] presença do kai argumenta contra o “eles” ser “o Israel de Deus.” Como Johnson observa, “Paulo, porém, não eliminou a conjunção kai” [Ibid., p. 188].
I.II) A segunda razão para rejeitar o ponto de vista [1] é por considerações exegéticas, que lidam com o contexto e uso.
No que diz respeito ao uso, Johnson afirma:
“Do ponto de vista do uso bíblico este modo de ver está condenado. Não há nenhum [“nem sequer um sequer”] exemplo na literatura bíblica do termo Israel sendo utilizado no [indisputado] sentido de Igreja, ou [no sentido] de o povo de Deus como composto de ambos os crentes (judeus étnicos e gentios [étnicos]). Nem, por outro lado (como se poderia esperar se houvesse tal uso), a expressão “to ethne” (traduzido, na KJV, por “os gentios”) jamais [“nem sequer uma vez sequer”] foi empregada especificamente significando o mundo não-cristão, mas apenas [e sempre] significando as pessoas de etnia não judaica- israelita, embora essas tais fossem maioritariamente compostas de não-cristãos. Assim, o [usual] emprego do termo Israel [e do termo gentios] ergue-se esmagadoramente em oposição ao primeiro ponto de vista.
O uso dos termos Israel e a Igreja nos primeiros capítulos do livro de Atos está em completa harmonia, porque Israel existe lá ao lado da Igreja recém-formada, e as duas entidades são mantidas [sempre e totalmente] separadas em terminologia [Ibid., P. 189].
Para aqueles que citam Romanos 9:6 [“Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas;”] como “prova”, Johnson mostra que este versículo não é suporte para tal ponto de vista, porque a distinção [visível no verso e seu contexto vizinho] está entre judeus que creem e judeus que não creem:
Aqui, Paulo está falando apenas de uma divisão dentro de Israel étnico. Alguns deles são crentes e, portanto, são o verdadeiro Israel, enquanto que outros, embora etnicamente israelitas, não são o verdadeiro Israel, uma vez que eles não são eleitos e crentes… Nenhum dos gentios tem lugar [é tratado] dentro dessa declaração, de modo nenhum [Ibid., p. 189].
Mesmo muitos Teólogos do Pacto têm concordado com este ponto de vista sobre Romanos 9:6 e não o usam para apoiar os seus pontos de vista sobre Gálatas 6:16.
No que diz respeito ao contexto, Johnson observa:
Pelo contrário, o apóstolo está preocupado em corrigir o evangelho pregado aos Gálatas pelos judaizantes, particularmente [repreender e corrigir] a falsa afirmação que faziam de que era necessário ser circuncidado para ser salvo. E que lhes era necessário, como cristãos, observar certos requisitos da lei de Moisés, a fim de permanecerem dentro do favor divino.. . O apóstolo não faz tentativa nenhuma para negar que há uma legítima distinção entre gentios crentes e judeus crentes dentro da igreja [Hélio discorda dessa afirmação, que leva ao Judaísmo Messiânico, deixando o mundo dividido em mais uma parte: Israel, Judeus Messiânicos, gentios, e cristãos (englobando ex-gentios e ex-judeus). Hoje, na dispensação das igrejas locais, toda forma de Judaísmo Messiânico, mesmo a melhor delas, é errada. Os judeus que se converterem passam a ser cristãos e devem ser membros de uma igreja local, sem distinção dos outros crentes, gentios. Ver http://solascriptura-tt.org/…/PodemAlgunsJudeusMessianicosS…. Somente depois do Arrebatamento dos salvos das igrejas locais, isto é, já na Tribulação e no Milênio, é que os judeus crentes voltarão a ser um diferente corpo de salvos, existindo fora do corpo dos salvos das igrejas locais. Então, e somente então, haverá uma distinção entre os salvos. Eles serão o Israel crente, nós seremos a igreja local totalizada futura… Há um remanescente de crentes judeus na Igreja, segundo a eleição da graça… Esta abordagem falha em perceber que Paulo não diz que não há nem judeu nem grego dentro da igreja. Paulo fala daqueles que estão “em Cristo”. . . Mas Paulo também diz que não há homem nem mulher, nem escravo nem homem livre em Cristo. Será que ele então negaria as diferenças sexuais dentro da igreja? Ou as diferenças sociais nos dias de Paulo? Será que não é claro que Paulo não está falando de diferenças étnicas ou nacionais [entre aqueles que estão] em Cristo, mas do estado espiritual [o estado soteriológico deles]? Nesse sentido [de estado espiritual, quanto à salvação], não há diferença [entre aqueles que estão] em Cristo. [Ibidem, p. 190].
I.III) O terceiro fundamento para rejeitar o primeiro ponto de vista é teológico:
… não há nenhuma evidência histórica de que o termo Israel foi identificado com a Igreja antes do ano 160 d.C. Além disso, nessa data, [absolutamente] ninguém caracterizava a Igreja como sendo “o Israel de Deus.” Em outras palavras, por mais de um século depois de Paul não há [absolutamente] nenhuma evidência da identificação [absolutamente ninguém dizendo que a Igreja = o Israel de Deus. Absolutamente ninguém dizendo, “agora, a Igreja engoliu Israel, herdou tudo que lhe foi prometido. Onde se lê Israel, entenda-se, agora, a Igreja”.]. [Ibidem, p. 191].
O resumo de Johnson concernente à rejeição do primeiro ponto de vista é:
Para concluir a discussão da primeira interpretação, parece claro que há pouca evidência – gramatical, exegética, ou teológica – que a suporte. Por outro lado, há sólida evidência histórica contra a identificação de Israel com crentes… gentios. O uso gramatical do kai não é favorável ao ponto de vista; nem o é o uso Paulino nem o é o uso que o Novo Testamento do termo Israel. Finalmente,… o ensinamento Paulino em Gálatas contém um reconhecimento de distinções nacionais dentro do único povo de Deus [Ibid., P. 191].
[II. Quanto ao segundo ponto de vista: que Israel, já HOJE e para sempre, tornou-se o remanescente judaico crente que está dentro da Igreja, distinto dos demais crentes]
O segundo ponto de vista é que “o Israel de Deus” é o remanescente crente judeu dentro da Igreja. Este é o ponto de vista do próprio Johnson e é o ponto de vista dispensacionalista mais comum. Johnson descreve este ponto de vista da seguinte forma:
A segunda das interpretações importantes de Gálatas 6:16 e “o Israel de Deus” é a de que as palavras se referem simplesmente a crentes de etnia judaica que estão dentro da igreja cristã. Porventura Paulo não fala de si mesmo como um israelita (cf. Rom 11:1)? [“DIGO, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.”] E o apóstolo também não fala de “um remanescente segundo a eleição da graça de Deus” (cf. Rom. 11:5), palavras que claramente, no contexto, se referem a crentes israelitas? Que coisa mais adequada poderia Paulo escrever, diz-se, em um trabalho tão fortemente atacando judeus crentes professos, os judaizantes, do que tornar o mais claro que ele não estava atacando os verdadeiros crentes judeus? Judaizantes são declarados anátema, mas o remanescente [crente, dos judeus] segundo a eleição da graça é “o Israel de Deus.”…
Talvez esta expressão, “o Israel de Deus”, deva ser contrastada com sua expressão em 1 Coríntios 10:18 “Israel segundo a carne” (KJV, ACF), como [contrastando] o Israel verdadeiro- e- crente contra o elemento descrente, exatamente como em Romanos 9:6 [“Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas;”] o apóstolo distingue dois Israel, um eleito e crente, e o outro incrédulo, mas ambos da etnia [do sangue] de Israel, [Isaque e Abraão] (cf. vv. 7-13) [“7 Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. 8 Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência. 9 Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho. 10 E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai; 11 Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), 12 Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor. 13 Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú.”] [Ibid., p. 185].
[III. Quanto ao terceiro ponto de vista: que o termo “Israel” refere-se ao remanescente fiel daquela etnia, o qual será convertido no FUTURO e existirá para sempre, bendito, mas distinto da bendita Igreja] [esta é a posição de Hélio]:
Johnson apresenta a defesa do [terceiro] ponto de vista e o faz apoiando-se sobre os mesmos fundamentos pelos quais ele rejeitou o primeiro ponto de vista. Apoiando-se em fundamentos gramaticais e sintáticos, Johnson afirma que “não há nenhuma consideração gramatical ou sintática que seria contrária” a este [terceiro] ponto de vista e, além disso, o “sentido comum de kai como continuativo, ou conjuntivo, é seguido” [Ibid., P. 192]. Em outras palavras, ele usa o significado primário de kai.
III.I) Apoiando-se em fundamentos exegéticos, Johnson afirma:
Exegeticamente, o [terceiro] ponto de vista é solidamente estabelecido, uma vez que toma “Israel” no seu sentido étnico uniformemente atribuído por Paulo. E mais, o apóstolo consegue uma impressionante conclusão que constitui o clímax [da epístola aos gálatas]. Aproximando-se do fim de sua “epístola guerreadora” [contra o judaizantismo e outras heresias], com seu ataque duro e contundente sobre os judaizantes e com a omissão das [longas] palavras habituais de ação de graças [estendendo-se a todos os destinatários, como faz em todas suas outras epístolas], Paulo tempera sua linguagem com uma bênção especialmente dirigida [somente] para aqueles israelitas crentes fiéis que, entendendo a graça de Deus e como ela exclui quaisquer obras humanas como a base da redenção, não sucumbiram às sutis lisonjas dos judaizantes enganadores. [“Gl 6:16 E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus. 17 Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus. 18 A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito!” (Gl 6:15-18)] Eles [os descendentes biológicos de Israel, e que creram e receberam Cristo], não os falsos homens de Jerusalém, são “o Israel de Deus”, ou, como ele os chama em outros lugares, “o remanescente, segundo a eleição da graça” (cf. Rom. 11:5). [Ibid.].
III.II) Quanto aos fundamentos teológicos, Johnson afirma:
E, teologicamente, o [terceiro] ponto de vista é sólido em sua manutenção dos dois elementos dentro de um único povo de Deus, gentios e judeus étnicos. Romanos 11 especifica os detalhes da relação entre as duas entidades desde o dia de Abraão até o tempo presente, estendendo-se além, até o futuro cumprimento das grandes e incondicionais promessas feitas aos patriarcas no estabelecimento da aliança (Rm 11:1-36).
O terceiro ponto de vista está de acordo com o segundo, que [a expressão, em Gl 6:16] “o Israel de Deus” deve se referir a crentes judeus, e não à Igreja como um todo, mas vê este remanescente judeu como ainda no futuro
A terceira das interpretações é o ponto de vista de que a expressão “o Israel de Deus” é usada escatologicamente e se refere à Israel que deve [ser convertida e] se voltar para o Senhor, no futuro, nos eventos que cercam a segunda vinda de nosso Senhor. Paulo, então, estaria pensando ao longo das linhas de sua bem conhecida profecia da salvação de “todo o Israel” em Romanos 11:25-27. [acima] [Ibidem, p. 186].
O terceiro ponto de vista… toma o termo “o Israel de Deus” como se referindo ao Israel étnico, mas localiza sua bênção no futuro… [Ibid., P. 192].
Johnson não tem grandes objeções ao terceiro ponto de vista porque [diz ele] “gramaticalmente e sintaticamente esta última opção é sólida” [Ibid., P. 193]. Teologicamente, este ponto de vista também é sólido, porque:
…o [terceiro] ponto de vista harmoniza-se com o importante ensinamento paulino de que há dois tipos de israelitas, um deles crente e o outro descrente [ibid., p. 194].
O único problema real [levantado por Johnson em relação ao terceiro ponto de vista] é exegético, uma vez que [dizem alguns] “. . . a perspetiva escatológica não tem sido uma das grandes ênfases da epístola aos Gálatas como um todo…” [Ibid.]. No entanto, Johnson admite a possibilidade exegética desse ponto de vista porque o contexto mais amplo mencionou o Pacto de Abraão e o Reino de Deus.
O segundo ponto de vista é provavelmente o melhor. Enquanto o terceiro é biblicamente aceitável, o primeiro ponto de vista não o é. Johnson conclui:
Se há uma interpretação que estremece e se inclina [apoiada] sobre um frágil fundamento [e ameaça cair], é o ponto de vista de que Paulo toma como equivalentes o termo “o Israel de Deus” e a Igreja composta de [ex] judeus [agora] crentes e de [ex] gentios [agora] crentes. Para apoiar tal [errado] ponto de vista, o uso geral do termo Israel por Paulo, no Novo Testamento, e nas Escrituras como um todo, é ignorado. O uso gramatical e sintático da conjunção kai é forçado e distorcido, e o sentido raro e incomum é aceito, tudo isto somente porque o sentido usual não se harmoniza com os [infundados] pressupostos do exegeta. E, para aumentarem [seus erros] no contexto especial de Gálatas e no contexto geral do ensino Paulino, especialmente como destacamos em Romanos 11, as principais passagens de Paulo lidando sobre o relacionamento de Deus com Israel e com os gentios são minimizadas… A doutrina de que a Igreja de gentios e judeus é o Israel de Deus repousa sobre uma ilusão. É um caso clássico de exegese tendenciosa [Ibid., P. 195].
Fonte: http://www.middletownbiblechurch.org/reformed/israelaf.htm