Pr. Ícaro Alencar de Oliveira
Texto-bíblico: “Vós todos estais hoje perante o Senhor vosso Deus; [...] para entrardes na aliança do Senhor teu Deus, e no seu juramento que o Senhor teu Deus hoje faz convosco.” (Deut. 29.10a,12).
Leitura bíblica em classe: Ez. 36.22-32.
Hinos do Cantor Cristão: 14. O Deus de Abraão| 17. O Amor de Deus | 106. O Desejado.
A. Introdução.
QUANDO Deus fez aliança com Abraão, chamou-lhe a sair da terra de seus pais, e ir para a terra que Ele lhe mostraria (Gên. 12.1); depois, o Senhor ratificou a promessa a Abraão, quando houve conflito entre seus pastores e os de seu sobrinho, Ló, culminando na separação entre ambos; naquela ocasião, Deus ratificou a promes-as dos limites da terra que Ele daria à posteridade de Abraão: “E disse o Senhor a Abraão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente; porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre” (Gên. 13.14-15); a promessa ainda foi outra vez ratificada em Gên. 17.1-10. A Aliança Palestina é também chamada de “Aliança da Terra”, porque nela Deus designou os limites que seriam dados a Israel (veja o mapa). Jamais na história os hebreus ocuparam a totalidade deste território, o que nos leva a um cumprimento futuro para as profecias relacionadas à aliança incondicional entre Deus e o povo judeu. A Aliança Palestina aparece primeiramente como parte da Aliança Mosaica, porém, com a progressão da revelação bíblica, Deus demonstra a incondicionalidade desta Aliança, não mais a associando à condicionalidade da Aliança Mosaica (Jer. 23.5-8; Ez. 20-42-44; 36.24-30; 37.11-14; Zac. 12.10-13.2).
B. Contexto da Aliança.
Contexto histórico. No fim do livro de Deuteronômio (caps. 27–30) vemos que o povo hebreu estava diante de grande impasse. No período de transição entre a liderança de Moisés para a de Josué, o povo se via em meio a incertezas quanto à entrada na terra prometida e ao cumprimento das promessas feitas aos Patriarcas e por intermédio de Moisés. A terra que havia sido prometida estava ocupada por vários povos inimigos em Canaã. Desta maneira, Deus ratificou o cumprimento da Aliança Palestina em seu aspecto incondicional, revelado em sua totalidade apenas posteriormente, trazendo consolo ao povo e certeza de que entrariam naquela terra e que ela era sua por direito (Gên. 26.3; 28.13; Is. 49.8-13; Am. 9.13-15; Zac. 8.1-8).
Aspectos condicionais imediatos da Aliança Palestina. O povo desfrutaria imediatamente das alegrias das bênçãos daquela Aliança caso respondessem de modo satisfatório às condições estabelecidas: “E será que, se ouvires a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o Senhor teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra” (Deut. 28.1). Infelizmente os hebreus não cumpriram as exigências do aspecto condicional da aliança, e viram a ameaça divina de serem espalhados por todo o mundo, caso desobedecessem, tornar-se uma triste realidade (Deut. 28.64-68). Apesar disso, a incondicionalidade estava presente naquela profecia dada a Moisés (cf. Deut. 30.1-10). Veja a seguir o aspecto condicional e incondicional da Aliança Palestina.
C. Os dois aspectos da Aliança Palestina.
A Aliança Palestina possui basicamente dois aspectos, um relacionado à Aliança Mosaica e outro, à Aliança Palestina. O primeiro aspecto refere-se à promessa de bênçãos imediatas, porém condicionais, como fica claro na fórmula “se... então” (cf. Deut. 28.1); este aspecto está relacionado com a Aliança Mosaica, a qual prometia bênçãos ao povo pactual que habitava na porção da terra que estivessem ocupando, mas não a totalidade da terra, prometida a Abraão; os limites que Deus prometeu foram: “desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates” (Gên. 15.18); “o termo do lado do ocidente o Mar Grande, e suas adjacências” (Jos. 15.12) e as “montanhas desde o Líbano até Misrefote-Maim” (Js. 13.6). As bênçãos relacionadas à totalidade da terra dizem respeito ao segundo aspecto da Aliança Palestina que é incondicional e está relacionado à Aliança Abraâmica.
D. Dispositivos da Aliança Palestina
Como ocorre em todas as demais Alianças, esta também possuía seus dispositivos específicos. Segundo L. S. Chafer, os dispositivos da Aliança Palestina, são: “1) A nação será tirada da terra por causa de sua infidelidade (Dt. 28.63-68; 30.1-3); 2) Haverá um arrependimento futuro de Israel (Dt. 28.63-68; 30.1-3); 3) O Messias retornará (Dt. 30.3-6); 4) Israel será reintegrado à terra (Dt. 30.5); 5) Israel será convertido como nação (Dt. 30.4-8; cf. Rm 11.26,27); 6) Os inimigos de Israel serão julgados (Dt. 30.7); 7) A nação receberá então bênção completa (Dt. 30.9).[1]
Considerando tais dispositivos, é extremamente forçoso que alguém afirme ser esta uma aliança condicional. Deus afirmou que esta aliança era incondicional, chamando-a de ‘aliança eterna’ (Ez. 16.60); Deus prometeu uma restauração espiritual da nação (Deut. 30.6; Ez. 11.16-21; Os. 2.14-23; Rom. 11.26-27);
E. Natureza e Cumprimento da Aliança.
O cumprimento da Aliança. Observando as promessas feitas a Abraão, vemos que não há espaço algum nas Escrituras para um cumprimento meramente ‘espiritual’ para esta aliança. Vários profetas ratificaram que o povo adentraria à totalidade da terra prometida a Abraão “(Is. 11.11-12; 14.1-3; 27.12-13; 43.1-8; 49.8-16; 66.20-22; Jer. 16.14-16; 23.3-8; 30.10-11; 31.8,31-37; Ez. 11.17-21; 20.33-38; 34.11-16; 39.25-29; Os. 1.10,11; Jl 3.17-21; Am. 9.11-15; Miq. 4.4-7; Sof. 3.14-20; Zac. 8.4-8)”.[2] É seguro afirmar que esta Aliança está inteiramente relacionada com o milênio (Ap. 20.1-3), uma vez que Cristo reinará sobre todo o mundo à partir deste território.
QUESTIONÁRIO
1. O que é a Aliança Palestina? Explique.
2. Mencione os principais dispositivos da Aliança Palestina.
3. Quais os aspectos condicionais da Aliança Palestina? Explique.
4. Quais os aspectos incondicionais da Aliança Palestina? Explique.
5. O que dizem as Escrituras quanto ao cumprimento da Aliança Palestina?Explique.
Notas:
[1] HAFER, Lewis Sperry.Systematic theology, IV, p. 317-23
[2] PENTECOST, J. Dwight.Manual de Escatologia