Pr. Ícaro Alencar de Oliveira
Texto-bíblico: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha.” (Êx. 19.5).
Leitura bíblica em classe: Deut. 5.1-21.
Hinos do Cantor Cristão: 14. O Deus de Abraão | 17. O Amor de Deus | 396. Cegueira e Vista.
A. Introdução.
DIFERENTE da Aliança Abraâmica e sua natureza puramente incondicional, Deus fez uma aliança condicional com o povo hebreu, chamada de Aliança Moisaica (Êx. 19.5-6; Lev. 29.9,22-28). A Aliança Mosaica foi firmada por Deus no Monte Sinai e por tal razão recebe também o nome de Aliança do Sinai. Deus propôs a aliança com o povo hebreu e os testou em sua obediência a Deus (Êx. 19. 4-6; 20.20; Deut. 8.2); a resposta do povo quanto à iniciativa Divina foi afirmativa, e os mesmos voluntariamente aderiram à aliança (Êx. 19.8; 24.3-7; 34.27). O padrão da aliança era similar ao de outras daquele tempo, uma vez que ela acontece como um tratado entre um rei soberano (Deus) e um povo, que são os seus súditos (Israel). Esta aliança era simbolizada pela guarda do shabbat, o sábado judeu, dia de descanso do povo, além de outras leis alimentares e dias de festa (Êx. 31.16,17). Norman Geisler disse que “[...] a aliança mosaica foi condicional; não foi uma aliança de concessão, mas uma forma de tratado com a mesma estrutura legal dos tratados suserano-vassalo da época”.[a]
B. Disposições da Aliança Mosaica.
Quanto às disposições da aliança, várias leis e restrições tinham sua validade condicionada à permanência da Aliança entre as partes (Êx. 31.16; Lev. 24.8; Núm. 18.19) de modo que o sistema de sacrifícios da Lei não tirava os pecados (Heb. 10.1-10), mas a Lei serviu de Aio (ou seja, ‘tutor’ ou ‘condutor’) para Cristo (Gál. 3.24-25); os sacrifícios do Antigo Testamento prefiguravam o próprio sacrifício de Cristo, com a diferença da eficácia e singularidade deste último sacrifício (Col. 2.16-19). Segundo Thomas Ice
Com as continuas violações de Israel (Lv 26.14-39; Dt 29.25-28; 31.16, 20), esta aliança revogável, fora da graça divina e sem efeito salvífico, levou a um infeliz resultado (Dt 31.16,20) — o que, por fim, levou Deus a revogá-la (Ez 44-7-14; Zc 11.10), de modo que ela não mais possui nenhuma autoridade (Rm 6.14-15; l il 5.23-25; Ef 2.14-16). Ela foi substituída pela nova aliança (Jr 31.31-34; Hb 8.6-13; 9 .1 1 -22; 10.1-18), sem prejudicar a aliança abraâmica anterior (G1 3.15-22; 4.21-31). Embora apareçam leves sinais da nova aliança (Dt 29.4; 30.6) e da aliança abraâmica (Dt 29.13; 30.5,20) em Deuteronômio 29—30, a aliança firmada em Moabe que não é a aliança mosaica anteriormente firmada em Horebe (Dt 29.1) muito provavelmente envolve uma confirmação, considerando que (1) ocorre posteriormente, (2) em um outro local, e (3) e firmada por um novo grupo. Esta aliança, portanto, não é original ou autônoma, pois o uso subsequente do termo “aliança”, em Deuteronômio 29.9-25, aponta para a aliança mosaica, condicional e bilateral.[b]
C. As bênçãos da Aliança Mosaica.
As bênçãos da Aliança Mosaica eram de natureza temporária e terrena. Por meio desta aliança Deus prometeu “(1) abençoar Israel (Lv 26.4-12; Dt 7.13-15; 28.3-12); (2) multiplicar Israel (Lv 26.9; Dt 6.3; 8.1; 28.11); (3) dar a terra a Israel (Lv 26.5; Dt 6.3; 8.1; 9.4; 28.11); (4) fazer de Israel uma grande nação (Dt 7.14; 28.1,3); (5) ser o Deus de Israel, e eles o Seu povo (Lv 26.11,12; Dt 7.6-10; 28.9,10). (6) confirmar a Sua aliança com Israel (Lv 26.9)”.[c]
D. A Aliança Mosaica e a Aliança Abraâmica.
Os críticos do dispensacionalismo, em sua tentativa de afirmar que a igreja substituiu Israel como recebedora das bênçãos da Nova Aliança e do milênio simbólico, defendem que a Aliança Abraâmica era condicional. No entanto, na aliança Abraâmica, Deus prometeu que daria toda uma porção de terra que jamais Israel possuiu (cf. Gên. 13.14-18); por tal razão, fica evidente a diferença entre as duas Alianças. Na aliança Mosaica, Deus fez uma aliança bilateral condicional (Êx. 19.4-6) e o povo respondeu afirmativamente (Ex. 19.7-8); já na aliança Abraâmica, Deus faz um juramento em seu próprio nome de que abençoaria a descendência de Abraão (Gên. 12.1-4; 13.15-16; 15.18; 17.7-10). Na aliança Mosaica, Deus prometeu bênçãos para o povo que estivesse vivendo na porção da terra prometida, e estas bênçãos eram condicionais à obediência do povo (Deut. 28.1-14). Na Aliança Abraâmica, as bênçãos são para o povo que estivesse habitando em toda a terra prometida, e não somente numa parte dela, e tais bênçãos são incondicionais (Gên. 12.1,7; 13.14-15,17; 15.17-21; 17.8).
E. Duração da Aliança Mosaica.
Pelo fato da aliança Mosaica estar constantemente apontando para o futuro, fica bastante evidente que tal Aliança seria substituída por outra superior (Heb. 8.7,13). Pelo ministério do profeta Jeremias, Deus prometeu uma nova aliança que não seria segundo a aliança feita com os antepassados (Jer. 31.31-33); o homem não é salvo pela Lei, pois a Lei é quem condena o ser humano (Rom. 6.14; 7.1-4; 2Cor. 3.7-11; Gál. 3.17-25; 4.1-7,21-31). Cristo é o fim da Lei (Rom. 10.4), de modo que, todo aquele que tentam ser justificado pela obediência aos preceitos da lei, ‘caíram da graça’ (Gál. 5.1-6); estão se pondo em posição de ‘malditos’ e ‘condenados’ pela santa justiça de Deus (Rom. 3.19-21,28; 4.13-16). Como igreja de Deus, devemos denunciar todos os desvios dos judaizantes que tentam transtornar a obra de Deus; que venhamos a repousar na segurança da Palavra de Deus de que a nossa salvação é pela fé, e não pela guarda do sábado, das restrições alimentares da Lei ou pelas festas judaicas: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados” (Col. 3.16).
QUESTIONÁRIO
1. O Pacto Mosaico é condicional ou incondicional? Explique.
2. Mencione as principais disposições da Aliança Mosaica.
3. Qual a natureza das bênçãos da Aliança Mosaica? Explique.
4. Quais as principais diferenças entre as Alianças Abraâmica e Mosaica? Explique.
5. Segundo as Escrituras, qual a duração da Aliança Mosaica? Explique.
Notas:
[a] GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2011. p. 909.
[b] Em Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica.
[c] Ibid