Pr. Ícaro Alencar de Oliveira
Texto-bíblico: “E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.” (Gên. 17.7).
Leitura bíblica em classe: Gên. 12.1-9; 13.14-17; 15.4-9,18; 17.1-10.
Hinos do Cantor Cristão: 14. O Deus de Abraão | 96. Deslumbrante | 154. Firme nas Promessas.
A. Introdução.
CONSIDERANDO a Natureza e os Tipos de aliança, é essencial que passemos a estudar acerca das alianças mencionadas nas Escrituras; para isso, estudaremos a Aliança Abraâmica. De Gênesis 1 a 11, lemos acerca da história geral da humanidade e três dispensações se passaram neste relato: A Dispensação da Inocência (Gên. 2 a 3), da Consciência (Gên. 3 a 7) e do Governo humano (Gên. 8 a 11).
A partir do chamado de Abraão, em Gên. 12, inicia-se a Dispensação dos Patriarcas, quando as Escrituras começam o seu relato da história do povo escolhido, e se estende até Êx. 19. A principal diferença entre uma Dispensação e uma Aliança consiste em que as bênçãos de uma aliança ultrapassam as dispensações, enquanto que uma dispensação é finalizada com um juízo para dar inicio à outra administração do plano redentor Divino.
B. Aspectos gerais da Aliança.
1. A Natureza da Aliança.
Quando Deus chamou a Abraão (Gên. 12-1-3), fez com ele uma aliança unilateral, de modo que Deus mesmo se propôs a, misericordiosamente, abençoar o povo pactual, a descendência de Abraão. A estrutura desta aliança enfatiza o caráter incondicional dela por ser um tratado do tipo de “Uma concessão real [que] é uma aliança, firme e incondicional, fundamentada no desejo de um rei de recompensar um servo leal.[a] Deus selou esta aliança confirmando a multiplicação da descendência, bênçãos sobre o povo e a posse da terra, independente da resposta de Abraão (Gên. 15.7-18). Segundo Norman Geisler, “Estas são as características essenciais da aliança abraâmica: (1) Ela é incondicional (“Abençoar-te-ei”). (2) Ela é nacional (“Far-te-ei uma grande nação”). (3) Ela é geográfica (envolvendo “a terra [santa]”). (4) Ela é perpétua (“para ti e tua semente”). (5) Ela é internacional (“Em ti serão benditas todas as famílias da terra”)”.[b] Esta aliança diz respeito à garantia da posse da Palestina por parte da descendência de Israel (Gên. 13.14-17; 15.16-18), garantindo a continuação do povo enquanto nação (Gên. 17.1-8) e a redenção final, a fim de que os descendentes desfrutem das bênçãos dentro dos domínios da terra prometida sob o governo do rei (Gên. 22.15-18).
2. Os Dispositivos da Aliança.
Uma vez que a aliança abraâmica é a base para o plano geral das alianças de redenção que virão a seguir (a Aliança Palestina, Davídica e Nova Aliança), é necessário aprendermos sobre as suas cláusulas para termos uma noção correta daquilo que Deus quis fazer para com Abraão e sua descendência: 1) Uma grande nação se originaria em Abraão, a saber, a nação de Israel (12.2; 13.16; 15.5; 17.1-2,7; 22.17). 2) Foi prometida a Abraão uma terra específica: a terra de Canaã (12.1,7; 13.14-15,17; 15.17-21; 17.8). 3) O próprio Abraão haveria de ser grandemente abençoado (12.2; 22.15-17). 4) O nome de Abraão seria engrandecido (12.2). 5) Abraão seria uma bênção para as outras pessoas (12.2). 6) Aqueles que o abençoassem seriam abençoados (12.3). 7) Aqueles que o amaldiçoassem seriam amaldiçoados (12.3). 8) Em Abraão, todas as famílias da terra seriam benditas, inclusive os gentios (12.3; 22.18). 9) Abraão teria um filho com sua esposa Sara (15.1-4; 17.16-21). 10) Seus descendentes seriam cativos no Egito (15.13-14). 11) Muitas outras nações, além de Israel, descenderiam de Abraão (17.3-4,6; os países árabes). 12) Seu nome seria mudado de Abrão para Abraão (17.5). 13) Sarai, sua esposa, passaria a chamar-se Sara (17.5). 14) A aliança teria um sinal — a circuncisão (17.9-14).[c]
A aliança com Abraão precisa ser corretamente analisada, pois a conclusão que chegamos é de que esta aliança não diz respeito a Israel somente, mas que os gentios (“todas as famílias da terra” Gên. 12.3) e consequentemente, a igreja, também recebe as bênçãos desta aliança por causa de seu relacionamento com Cristo (Gál. 2.14,29; 4.22-31).
C. A Igreja e a Aliança Abraâmica.
Deus age com misericórdia para conosco por causa de nossa posição quanto a Jesus Cristo, que por sua vez é descendente de Abraão segundo a carne, e é por tal motivo que a igreja é descendência de Abraão (Gál. 3.6-9). Quanto a isto, J. Dwight Pentecost afirmou:
Existem, então, três sentidos diferentes nos quais alguém pode ser filho de Abraão. Primeiro, existe a linhagem natural, ou descendência natural. Essa é restrita aos descendentes de Jacó nas doze tribos. [...] Segundo, existe a linhagem espiritual dentro da linhagem natural. Esses são os israelitas que acreditaram em Deus, guardaram a lei e satisfizeram as condições para que se desfrutassem hoje as bênçãos da aliança. Os que possuirão a terra no futuro milênio também serão do Israel espiritual. Terceiro, existe a descendência espiritual de Abraão que não é por natureza israelita. Aqui entra a promessa de “todas as famílias da terra”. Essa é a aplicação clara da expressão de Gálatas 3.6-9 [...] em outras palavras, os filhos (espirituais) de Abraão que vêm dos pagãos ou gentios cumprem esse aspecto da aliança abraâmica que lidou com os gentios em primeiro lugar, e não as promessas concernentes a Israel. A única maneira pela qual os gentios podem ser descendentes de Abraão no contexto de Gálatas é estarem “em Cristo Jesus” (Gl 3.28). Seguido de: “E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa” (Gl 3.29). Os gentios descendem, de Abraão apenas no sentido espiritual e são herdeiros da promessa dada a “todas as famílias da terra”.
Embora os pré-milenaristas possam concordar com os amilenaristas em que a descendência de Abraão inclui os gentios, negam que isso cumpra as promessas dadas à descendência natural, ou que as promessas feitas à “descendência de Abraão” sejam realizadas por crentes gentios. Igualar a promessa de bênção para todas as nações à bênção dada à descendência de Abraão é conclusão injustificada (Ibid., 108:420).
QUESTIONÁRIO
1. Qual a diferença entre Aliança e Dispensação?
2. Qual a natureza da Aliança Abraâmica?
3. Quais garantias deu Deus a Abraão e sua descendência? Explique.
4. Quais os principais Dispositivos da Aliança? Explique.
5. Qual a relação entre a Igreja e a Aliança Abraâmica? Explique.
Notas:
[a] LAHAYE, Tim (org.). Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro, 2012. p. 31-36.
[b] GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. p. 901.
[c] LAHAYE, Tim (org.). Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro, 2012. p. 32-33.