ARREPENDIMENTO
Por Idelmar Vera Campos
Sermão pregado no domingo de 13 de Setembro de 2015,
na Igreja Batista Semear em Rio Branco, Acre.
“E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judéia, e dizendo: arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus. Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3:1-2,8)
INTRODUÇÃO
A palavra “arrependimento” vem do grego metanoeo: meta, “depois”, e noeo “pensar”. O arrependimento é uma decisão que resulta numa mudança de ideia, que sucessivamente, leva à mudança de objetivo e ação. João Batista é uma espécie de Arauto Real que prepara o caminho anunciando a chegada do Rei. O Reino de Deus estava próximo, pois o Rei (Jesus) havia chegado, a mensagem de João batista explica a urgência da mensagem do arrependimento para a entrada no Reino.
O Reino de Deus se aproximou, mas não se estabeleceu. João Batista nos mostra que a entrada no Reino de Deus é feita mediante o arrependimento do coração e não por um legalismo externo e hipócrita. João Batista nos explicou também a importância do arrependimento, pois ele é a porta de entrada no Reino de Deus. O verdadeiro arrependimento traz mudança: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Não vos maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” (João 3:3,7).
O novo nascimento é a manifestação visível da salvação. Mediante o arrependimento, aparece uma nova ordem para o crente em Jesus Cristo; além disso, o novo nascimento é mais do que simplesmente “ser salvo”; antes, é uma experiência requalificante, possibilitando, aqueles cujos corações foram renascidos, a entrar na dimensão sobrenatural da vida e nos adaptando a um início da ordem do Reino de Deus.
O primeiro chamado ao reino refere se ao arrependimento. Não existe nascimento para o Reino sem escutar o chamado à salvação, voltando se dos pecados a Cristo: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor” (Atos 3:19). “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam” (Atos 17:30).
O arrependimento significa um pesar interno que resulta em mudança, renúncia e reversão. O arrependimento não é um termo teológico abstrato; ao invés disso, é uma mudança radical e uma reviravolta completa: “Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte” (II Coríntios 7:9-10).
O objetivo do tormento não é destruir, mas é um sinal de advertência nos convocando ao arrependimento. Seja sensível à convicção do Espírito Santo e arrependa-se. Esconder os pecados apenas endurecerá mais o coração. Embora nossa alma esteja salva, o nosso corpo ainda sujeito à fragilidade e à dor do pecado residente.
FÉ E ARREPENDIMENTO SÃO DONS DE DEUS
"Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade”(II Timóteo 2:25).
O verdadeiro arrependimento é um esforço divino para mudar alguém. É uma disposição dada por Deus; porém o ato do arrependimento é uma decisão pessoal. O Arrependimento precede a fé e a fé precede a salvação. Deus é o único doador do verdadeiro arrependimento. Norman Geisler diz que o arrependimento pode ser entendido como um dom ou uma dádiva de Deus. Mas, tal como acontece com todas as demais dádivas, para ser desfrutado, ele precisa ser recebido. Desse modo Deus oferece a todos a dádiva do arrependimento para a vida eterna; aqueles que resistem a essa dádiva não recebem o arrependimento. Portanto Deus é imparcial em sua oferta, mas o homem é responsável por aceitar ou rejeitar a dádiva do arrependimento necessário para a salvação e para a entrada no Reino de Deus. Mas está claro que Deus não pode se arrepender por você: “... vós sempre resistis ao Espírito Santo” (Atos 7:51).
O CHAMAMENTO AO ARREPENDIMENTO
VERSUS A RESISTÊNCIA AO ARREPENDIMENTO
Mesmo sabendo do seu estado pecaminoso, recusam a arrepender-se. Arrependa-se sempre que o Espírito Santo lhe convencer de algum pecado, pois é o Espírito Santo quem traz o pleno arrependimento. Estar pronto para corrigir qualquer erro e se arrepender de qualquer pecado fará com que o crente aperfeiçoe a sua caminhada no espírito. Este ato de voltar-se do egoísmo e ir em direção a Deus é chamado de arrependimento: “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério”(Hebreus 6:4-6).
As pessoas descritas neste verso (Hb 6:4-6) não são reincidentes, mas apóstatas. Eles não apenas se envolveram no pecado, mas renunciaram a Cristo. Eles se tornaram como aqueles que crucificaram Jesus. A escolha deliberada que alguns fazem, fixa o destino inalterável das pessoas. O caráter produz o seu fruto inevitável enquanto que a punição para o apostata é perder todos os direitos da bênção. O fato de que é impossível que elas de novo se arrependam indica a natureza do arrependimento, ou seja, que é uma vez para sempre, eles não necessitam arrepender se novamente já que isso foi feito uma vez e é suficiente para eterna redenção, eles não necessitam arrepender se de novo para serem salvos assim como Cristo também não necessita ser outra vez crucificado, seu arrependimento agora é para perdão dos pecados.
ARREPENDIMENTO PARA SALVAÇÃO
VERSUS ARREPENDIMENTO PARA PERDÃO DOS PECADOS
Se eu pecar perderei a minha salvação? Não, nossos pecados não custam nossa salvação e não necessitamos ser salvos novamente. O arrependimento que marca a entrada no Reino acontece uma vez. Uma pessoa nascida do Espírito Santo será levada ao arrependimento toda vez que pecar. O pecado retira a alegria da salvação. Deus está sempre pronto para receber seu povo em arrependimento mesmo depois de eles terem falhado e o abandonado. O sangue de Cristo tem valor suficiente para salvar toda a humanidade, mas ele é eficaz apenas para aqueles que se arrependem. O arrependimento não é somente para os não convertidos; a igreja precisa se arrepender muito, antes que muita coisa de valor possa ser feita no mundo: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (I João 2:15-17)
O verdadeiro cristão não persiste no pecado sem arrependimento, o que de Deus é gerado conserva se a si mesmo. O pecado contínuo e voluntario contradiz uma conversão genuína. Portanto, a melhor evidencia para o arrependimento está na conduta e no comportamento: “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou” (Hebreus 12:16-17).
Eis uma advertência solene a qualquer um que se priva das bênçãos espirituais em nome da gratificação imediata e passageira. Uma vez que esta escolha tenha sido realizada, não se pode reverter suas consequências e as bênçãos que poderiam ter sido realizadas estão perdidas para sempre. Aprendamos com Esaú que fatores externos como remorso não garantem o pleno arrependimento: ”Na verdade que, depois que me converti, tive arrependimento” (Jeremias 31:19); “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (II Coríntios 5: 14-15). Uma transformação moral e espiritual irá acontecer e nos possibilitará seguir a Deus de todo o nosso coração. Apenas o Senhor pode anular os nossos pecados. Mediante nossos pedidos, mostra-se a importância do arrependimento individual e pessoal. Se não houver contrição não há arrependimento pleno: “muitos pecadores lamentam por seus pecados, lamentam por não poderem continuar pecando, mas se arrependem apenas com corações que não estão quebrantados.
Precisamos de um João Batista, que ande pelo país gritando:
“- Arrependam-se! Arrependam-se!” D. L. Moody.
“Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.” (Apocalipse 2:5)
“Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento; Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lucas 5:32; 15:7).
“Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, Não endureçais os vossos corações” (Hebreus 3:7-8).
“... dei-lhe tempo para que se arrependesse...” (Apocalipse 2:21).