PARTICULAR INTERPRETAÇÃO:
CREDO, QUE CLERO ESTRANHO!
Por Ícaro Alencar de Oliveira
“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”
(II Pedro 1:20,21)
Escrevo-vos no sincero desejo de que a Graça e a Paz de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amados, é muito comum ouvirmos Católicos Romanos acusarem os Batistas e os Protestantes (os quais são contrários às 'interpretações' (sic.) das Escrituras feitas pelo “Clero” do Vaticano, sendo que nós afirmamos o princípio do livre exame das Escrituras em detrimento da ditadura clerical romanista) quanto ao o suposto pecado de propagarmos a “livre Interpretação” da Palavra de Deus. Ó amados, vede que nenhum destes paroleiros vos embarace. Esse é apenas mais um daqueles ataques infundados promovidos pelos filhos da igreja Inquisitória.
O princípio do livre exame das Escrituras em nada se pode comparar com a livre interpretação que nossos adversários constantemente fazem, quando lhes é conveniente, como é o caso absurdo de tirarem das Escrituras o fragmento "e [José] não a conheceu [a Maria] enquanto ela não deu à luz seu filho, o primogênito” (Mt 1:25), afirmando que nos “melhores manuscritos omitem tais termos, quando na verdade, dos mais de cinco mil e oitocentos manuscritos de que dispomos hoje, apenas do Novo Testamento em grego (fora as traduções em outras línguas), tão somente uma meia-dúzia não os traz; ora, não bastasse estes filhos inquisitoriais virem repetir o farisaísmo de escandalizar-se com a liberdade com que Cristo nos libertou, de atacar-nos, afirmando que encorajamos aos homens que tomem as Escrituras em suas mãos e dela fazer a interpretação que bem entendermos correta. Ora, Para uma breve refutação deste erro dos filhos do Vaticano, basta-nos observar o desejo dos hagiógrafos de que todos os crentes em particular tivessem a possibilidade de examinar as Escrituras, e isto faremos se Deus nos permitir.
No Evangelho segundo São Mateus 24:15, lemos: ”Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda”. Ora, como os primeiros crentes poderiam perceber o cumprimento da profecia, a menos que tivessem como examinar as Escrituras? Parece-nos que apenas um distanciamento das Escrituras por parte do povo comum é que ajuda Clero Inquisitorial a incutir seus desvarios nos seus fieis, desprovidos do bom entendimento hermenêutico objetivo e sem vícios dos textos Bíblicos.
No Evangelho segundo São Marcos 13:4, lemos: ”Ora, quando vós virdes a abominação do assolamento, que foi predita por Daniel o profeta, estar onde não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judeia fujam para os montes”. vede, irmãos, como os servos de Deus podem ser capazes de perceber vir a “abominação do assolamento” senão mediante um exame livre do Texto? Ora, o texto afirma-nos “quem lê, entenda”; tomemos sobre nós a Bíblia, e não o Clero.
No Evangelho segundo São Lucas 4:16, lemos: ”E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler”. Amados irmãos, o próprio Senhor Jesus Cristo demonstrou a importância do livre exame das Escrituras; ele mesmo aos sábados dirigia-se à sinagoga, e ali, tinha acesso para examinar as Escrituras. Que testemunho maravilhoso de um Deus tão bom que quer que examinemos livremente as Escrituras!
No Livro de Atos dos Apóstolos 8:30, lemos: “E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, Assim não abriu a sua boca. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; e quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra. E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus.”
Amados e mui queridos irmãos, certamente este é o texto das Escrituras que traz maior luz à questão pois ele demonstra que o exame livre das Escrituras não implica na interpretação livre da profecia, como até mesmo aquele que era incrédulo entendia. Vede, ó amigos Católicos, a inexistência de qualquer clero, casta ungida neste episódio, mas tão somente um discípulo orientado pelo Espírito Santo ensinando aquilo que os homens tiveram livre acesso para examinar. Não se pode proibir o livre exame; basta-nos explicar-lhes as verdades das Escrituras, e não do tal Clero apóstata explicá-la. É isto, e nada mais, meus amigos! Vede, ó amigos Católicos, que aquela alma, pela qual Cristo morreu, iria para o inferno caso ele não tivesse como examinar e quem o explicar. É verdade que há os turvadores da sã Doutrina, como o vosso Clero, por exemplo, mas vede semelhantemente que aquela alma turbada alcançou a salvação de sua pobre alma mediante exame e explicação das Escrituras; não apenas uma das coisas, mas ambas operando conjuntamente, além da iluminação do Espírito Santo, que é o fator primordial para a salvação.
Na Primeira Epístola do Apóstolo São Paulo aos Coríntios 4:6, lemos: ”E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro”. Sem um exame das Escrituras, os irmãos em Corinto jamais saberão como ”não ir além do que está escrito”. Ora, um livre exame das Escrituras é a única forma daqueles irmãos obedecer ao mandamento do Apóstolo.
Na Epístola do Apóstolo São Paulo aos Efésios 3:4, lemos: ”Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo”. Vede, irmãos que sem o princípio do livre exame, os irmãos de Éfeso seriam impossibilitados de ler e perceber a compreensão do Apóstolo sobre o mistério de Cristo. Portanto, para que possamos nós, hoje entendermos o ”mistério de Cristo”, temos de ler, e isso implica o exame livre das Escrituras, não a necessidade de um clero para interpretá-la, pois, sendo os homens nascidos de novo conhecedores da boa hermenêutica, serão capazes de interpretá-la de maneira que traga sobre eles próprios benefícios espirituais.
Na Epístola de São Paulo aos Colossenses 4:16, lemos: ”E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laodiceia lede-a vós também”. O Apóstolo São Paulo discorda totalmente da Igreja Apóstata Romana; ora, se ele fosse contrário ao livre exame, ele jamais diria aos irmãos que entregassem aquela epístola aos irmãos laodicenes e a carta que jazia com eles fosse-lhes entregue, afinal, não devem examinar livremente, não é, Romanistas? É claro que não! A verdade bate-vos a porta e teu Clero insiste em esconder de ti a chave para abri-la.
Na Primeira Epístola do Apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses 5:27, lemos “Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos irmãos”. O Apóstolo São Paulo demonstra sua preocupação que os crentes tenham como examinar o escrito apostólico. Ora, sabe-se pela história que as hierarquias dentro da igreja e posteriormente de igreja local para com igreja local ocorreram apenas á partir do século II. A grande preocupação é que todos conheçam a verdade escrita do Evangelho, o que inclui o livre exame. Além disso, o Apóstolo fala mais aos irmãos em Tessalônica, dizendo ”Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa” (2:15). Como os irmãos poderiam reter os ensinos senão mediante exame livre? Isso demonstra, novamente, ó amados, o engano em que se puseram os da Igreja de Roma.
Na Primeira Epístola do Apóstolo São Paulo a Timóteo 4:13, lemos: ”Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá”. Mais uma vez, São Paulo mostra que é totalmente contrário à limitação do Exame das Escrituras. Primeiramente, mesmo sendo Timóteo um Presbítero, São Paulo ensina-o, dizendo: ”Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (ITm. 4:16). Para o ministério de Timóteo ser abençoado e abençoador, o apóstolo orienta-o, dizendo: ”E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (IITm. 3:15-17); ora, o exame das Escrituras é proveitoso para o homem de Deus, e não uma suposta casta ungida.
No Apocalipse do Apóstolo São João 1:3, lemos: ”Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo”. Quando os Católicos Romanos afirmam que o livre exame é algo contrário à Religião de Cristo, na verdade, eles estão afirmando o inverso do ensino da Religião de Cristo. Aquele que lê, isto é, que examina livremente as Escrituras, é ”bem-aventurado”. Ora, se os Católicos Romanos querem permanecer nos desvarios do Clero, que o façam; mas não levantem-se a queimar outra vez nossas bíblias, como fizeram na França, no chamado “Concílio Albigense”, e as muitas Bíblias traduzidas na língua do povo foram queimadas e Anabatistas (ali chamados de Valdenses ou Albigenses) que foram por sua vez, mortos pelo crime de portar bíblias. Ora, quem demonstrou pela inquisição não ser examinadora das Escrituras e muito menos praticante dela, foi a Igreja Católica Apóstata Romana, que ceifou 50 milhões de vidas na “Santa” Inquisição.
Assim, amados irmãos, desejando que prossigais firmes na doutrina que Cristo nos deixou é que finalizamos tomando por nosso exemplo de fé e prática os amados irmãos de Bereia; as Escrituras assim testificaram deles no livro dos Atos dos Apóstolos, como está escrito: ”Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (At. 17:11). Queridos irmãos, que assim sejamos nós, sinceramente e em verdade de coração: ”examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim”. Não nos deixemos enganar, não dando ouvidos para nenhuma ”blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás”, como lemos no Apocalipse do Apóstolo São João 2:9. O Senhor nos abençoe e proteja para que possamos ser fieis e sinceros até a morte. Amém.